ato golpista

STF condena homem de Catalão que destruiu relógio no Palácio do Planalto em 8/1

Item era único exemplar da peça no mundo todo, dado de presente pela corte de Luís 14, da França

STF forma maioria para condenar homem que destruiu relógio de dom João 6º no 8/1 único exemplar da peça no mundo todo
Foto: Reprodução

STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria, nesta sexta-feira (28), para condenar o homem que destruiu o relógio doado por dom João 6º do Palácio do Planalto durante os ataques golpistas de 8 de janeiro.

O julgamento de Antônio Cláudio Alves Ferreira começou no último dia 21, em plenário virtual, quando os ministros votam pelo sistema eletrônico do STF, e termina no fim desta sexta.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, propôs uma pena de 17 anos de prisão. Atualmente, o homem está preso.

Ele responde pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima.

Moraes disse que ficou comprovada a culpa de Ferreira pelos depoimentos de testemunhas levadas pelo Ministério Público e por vídeos e fotos realizadas pelo próprio réu.

Na manifestação de Moraes estão anexas fotografias da Praça dos Três Poderes. Moraes descreve como “estarrecedora” as imagens divulgadas pelos próprios vândalos.

O ministro afirmou que o homem tentou abolir o Estado Democrático de Direito e impedir “o exercício dos poderes constitucionais por meio da depredação e ocupação dos edifícios-sede dos Três Poderes da República”.

Segundo a votar no processo, o ministro Cristiano Zanin acompanhou Moraes sobre a culpabilidade do réu, mas divergiu quanto à pena. Definiu 15 anos. Seguiram o mesmo entendimento o ministro Edson Fachin.

Acompanharam o relator os ministros Flávio Dino, Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

O presidente da corte, ministro Luis Roberto Barroso, também divergiu parcialmente de Moraes.

Ele afastou a condenação pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

“Conforme já destaquei em casos semelhantes, a meu sentir, as circunstâncias factuais objetivas descritas nos autos se amoldam unicamente ao disposto no art. 359-M do Código Penal (Golpe de Estado)”, disse.

relógio destruído era o único exemplar da peça no mundo todo, dado de presente a dom João 6º pela corte de Luís 14, da França. A obra foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no fim do século 18, poucos anos antes de ser trazida ao Brasil.

A peça estava abrigada no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, quando o local foi invadido por centenas de golpistas.

Os ponteiros e números do relógio foram arrancados e uma estátua que enfeitava o topo da peça foi arrancada.

*VIA FOLHAPRESS