nove presos

Grupo preso por falsos financiamentos tinha anotações sobre como praticar golpes

Vendedores ofereciam veículos com preços atrativos, porém, os bens eram fictícios

Vendedores ofereciam veículos com preços atrativos fictícios Grupo preso por falsos financiamentos tinha anotações sobre como praticar golpes

Na última quinta-feira (27), um grupo de nove pessoas foi preso, suspeito de integrar um esquema de falsas vendas de motos por meio de financiamentos inexistentes. Nesta terça-feira (2), a Polícia Civil (PC) explicou que a quadrilha agia como uma “escola de fraudes”, com métodos documentados sobre como deveria ser o atendimento às vítimas para enganá-las. Os vendedores da empresa mantinham anúncios em plataformas de marketplace, oferecendo veículos com preços atrativos; no entanto, os bens eram fictícios.

Durante as investigações conduzidas pela PC, o delegado Daniel José de Oliveira relatou ter descoberto uma verdadeira “escola de fraudes”, por causa da maneira organizada com que a quadrilha conduzia o esquema. Os atendentes recebiam treinamento para enganar as vítimas, além de monitorá-las.

Cadernos apreendidos revelaram que o grupo registrava se a vítima poderia representar algum problema, como contratar um advogado ou acionar a polícia. Para evitar suspeitas, os criminosos alteravam o nome e o endereço da empresa constantemente.

“Coletamos uma série de documentos que detalhavam o perfil dos clientes e seu estado de espírito. Anotações como ‘cliente tranquilo’, ‘cliente tem advogado’, ‘cliente procurou delegacia’ eram registradas, e após essa classificação, os casos eram direcionados a setores específicos do grupo criminoso”, explicou o delegado Daniel José.

Como funcionava o golpe

Segundo o Procon, era pedido ao consumidor o pagamento de uma suposta entrada para o financiamento, a partir de R$ 2 mil, e apresentadas condições facilitadas para ele conseguir o crédito. A empresa, inclusive, oferecia a possibilidade de crédito para pessoas negativadas.

Com o passar dos dias, o consumidor até tentava contato com os vendedores, mas isso ficava cada vez mais difícil. Depois de muita insistência, acabava descobrindo que, na verdade, tinha assinado um contrato de assessoria financeira e não para financiar o veículo.

Mesmo reclamando e tentando quebrar o contrato, a devolução dos valores pagos não acontecia e o consumidor ficava sem o veículo e sem o dinheiro.

Não existia veículo

Os fiscais descobriram que a empresa não possuía nenhum veículo para ser comercializado e que utilizava imagens ilustrativas. Descobriram também que o pagamento da suposta entrada era feito para a conta pessoal da dona da empresa.

A empresa foi interditada e autuada por propaganda enganosa por não passar informações claras aos clientes sobre os serviços oferecidos e sobre a natureza da operação financeira. O prazo para que eles possam recorrer é de 20 dias.

A Polícia Civil recolheu vários documentos no local, que serão analisados durante a investigação. Os 9 funcionários foram conduzidos à delegacia, onde foram presos em flagrante pelo crime de estelionato.

Como os nomes não foram divulgados, o Mais Goiás não conseguiu contato com a empresa ou com os detidos para que se posicionassem. Em caso de denúncias, o consumidor pode acionar o Procon Goiás por meio do telefone 151 ou (62) 3201.7124 em cidades do interior.