BATE-PAPO

Gregorio Duvivier, um dos criadores do Porta dos Fundos, diz que o teatro é elemento fundador da civilização

Humorista comentou ainda sobre o futuro das artes cênicas no Brasil

Gregorio Duvivier participou de bate-papo no MIT Catalão (Foto: divulgação)
Gregorio Duvivier participou de bate-papo no MIT Catalão (Foto: divulgação)

O ator e humorista Gregorio Duvivier, um dos criadores do canal Porta dos Fundos, participou da Mostra Internacional de Teatro de Catalão (MIT Catalão), no último final de semana. Após a apresentação de seu monólogo “Sisifo”, ele conversou com o público falou sobre seu envolvimento com as artes cênicas.

Na opinião de Gregorio, o teatro é parte da história da humanidade. “O teatro é um elemento fundador da civilização”, pontuou. Ele lembrou ainda que, até o surgimento da literatura escrita, as pessoas só conseguiam conhecer uma história através do teatro.

Durante o bate-papo, o humorista ressaltou que que “o Homo sapiens prevaleceu não por ser o mais inteligente ou o mais forte, mas porque tinha o domínio da linguagem, tinha a capacidade da fala. Ele começou a falar e conseguiu formar comunidades maiores. Até então eram de 30 e 40, e o sapiens conseguia formar comunidades enormes, e conseguia isso por meio da fala.”

Gregorio Duvivier acredita que no teatro a pessoa se permite encontrar desconhecidos e se isolar da realidade externa, entrando em um espaço no qual uma narrativa é compartilhada. “O mais importante é conseguir reunir todos num mesmo espaço, talvez até mais importante do que a história em si. Todos reunidos para compartilhar uma história, ficar uma hora sem mexer no celular, é terapêutico. Te coloca numa outra dimensão do espaço-tempo. Nós somos a única espécie que faz isso. Credito ao teatro a importância inaugural da civilização, que é unir as pessoas.”

O futuro do teatro

Pensando no futuro do teatro, Gregorio disse que as artes cênicas continuarão sempre mantendo um papel importante.

Para ele, a sociedade está fraturada e cada um acompanha uma narrativa da história individualizada, construída a partir do que chega aos celulares, e muitas vezes desconectada de outras ao redor. “A gente tem olhado para o lado e pensado o que temos em comum com estas pessoas em volta. ‘Eu não tenho nada a ver com isso’, (e dizer isso) é um impulso completamente normal, assim como outras pessoas nos olham e devem pensar o mesmo. Neste momento acho que mais importante do que nunca é sentarmos num mesmo lugar e compartilharmos uma mesma narrativa, porque parte da fratura do país é que estamos cada um mergulhado em narrativas individuais feitas especialmente para cada um por meio de algoritmos.”

MIT Catalão

A segunda edição da MIT Catalão começou neste mês de junho e segue até novembro. Ao longo de seis meses, diversas peças com nomes consagrados do teatro nacional e do exterior serão promovidas na cidade de Catalão, todas com entrada gratuita.

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