Banalidade do mal

O Médico e o Monstro: imagens do Caso Henry!

Queremos pensar junto com você sobre que imagem tem os monstros do nosso cotidiano.

Ivan Izquierdo nos ensina que esquecemos ou perdemos memórias que não usamos mais para dar lugar a novas memórias. Porém, existem memórias que devemos manter sempre ativas, vivas e recorrentes em nosso cotidiano, isso vai nos ajudar a continuarmos vivendo. Um exemplo desse tipo de memória é das coisas que historicamente fazem as pessoas, as comunidades e até mesmo as nações sofrerem. Memórias arquetípicas que nos colocam para longe do perigo, às vezes por instinto outras por conhecimento de fatos violentos.

A literatura tem exemplos dos mais diversos sobre o que temos que manter por perto e o que devemos manter à distância, entre elas: as pessoas violentas, que matam, que vivem para apagar existências; nessa linha resgatamos em nossa memória um clássico da literatura para colaborar com um pensamento sobre o “caso Henry”, que inevitavelmente trata de pessoas violentas.

Em 1886 o escritor escocês, Robert Louis Stevenson, publicava “The Strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, o clássico “O Médico e o Monstro”, que mais tarde, na década de 1940 chega ao cinema pela direção de Victor Fleming levando à tela o Dr. Jekyll que conduz experiências com a natureza humana e carrega a crença que o lado bom e ruim de cada personalidade pode ser alterado quimicamente. Ao testar um soro em si mesmo, ele liberta o seu cruel alterego, o Sr. Hyde, um homem violento capaz de muitas atrocidades.

É interessante perceber ao ler a obra de Stevenson que o Sr. Hyde não é como na maioria de suas modernas adaptações: uma aberração cheia de músculos e portanto, facilmente reconhecida; ao contrário, o Sr. Hyde é um homem comum e talvez possa até se passar como um “coitadinho”, magricelo e frágil. Apesar de sua aparência frágil o Sr. Hyde é capaz de atrocidades e assassinatos terríveis se configurando numa espécie de monstro social. Não pode ser facilmente identificado se convertendo num silencioso e poderoso inimigo.

Na obra o Sr. Hyde é morto pelo Dr. Jekyll, ou seja, ambos morrem porque são a mesma pessoa, apenas separados por seus instintos bons e maus. Claro, que Stevenson não pode ser resumido por essas poucas linhas; a sua obra possui desdobramentos e milhares de interpretações, seja da sociedade vitoriana da época, da teoria das personalidades, dos quadrinhos e até as centenas de obras inspiradas e adaptadas a partir de sua poderosa escrita.

Então, o que queremos com isso é resumir a obra de Stevenson? Em absoluto, não. Queremos pensar junto com você sobre que imagem tem os monstros do nosso cotidiano. Monstros como o Dr. Jairinho com uma vida social aceitável, talvez até invejada, e uma outra de monstruosidade semelhante à vida do Sr. Hyde que espanca pessoas até a morte. O que fica aqui é um alerta para que não fiquemos calados diante dos sinais que nossos filhos ou qualquer outra criança nos ofereça. Prestar atenção nesses sinais pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Henry deu vários sinais de que sua vida estava em risco tentando desenhar com suas reações a imagem do monstro que o assombrava.

Fiquemos vigilantes para saber reconhecer e denunciar os sinais que evidenciam pessoas comuns como o Dr. Jairinho, que podem ser na verdade o Sr. Hyde.