Comportamento

Algoritmo sabe mais da gente do que nós mesmos

Algoritmo é o verdadeiro Grande Irmão que monitora tudo sobre nós, até mesmo aquilo que a gente sequer sabe que sabe

40% dos brasileiros relatam medo de serem julgados nas redes sociais, diz pesquisa (Foto: Pixabay)

Algoritmo era só uma coisa que a gente não entendia do conteúdo mais avançado da matemática do segundo grau, lembra-se? Saudades. Agora o algoritmo é uma espécie de deus que comanda nossas vidas sem que sequer saibamos direito o que queremos dela. E tem gente que falava que no futuro as coisas seriam mais fáceis… Sabiam de nada. Erraram feio.

E o mais engraçado é que o algoritmo vem sendo responsabilizado por todas as crises do mundo contemporâneo. A culpa é sempre do algoritmo.

Os jovens fazem menos sexo? O algoritmo é culpado por jogar pornografia farta na cara da juventude.

Os fascitoides saíram do armário e querem dar golpe de Estado? O algoritmo é culpado por radicalizar quem estava saudoso de lamber um coturno.

As pessoas estão mais burras e consumindo conteúdo infantiloide? O algoritmo é culpado pois só dá o fácil para as pessoas e não exige esforço algum na absorção de qualquer obra.

O emprego formal está cada vez mais distante do trabalhador médio mundo afora? O algoritmo é culpado por ter uberizado as relações trabalhistas e agora a gente rala o dobro pra receber a metade.

Na boa, que esse algoritmo vá pra PQP! 

Nem sei se maximizam a importância dessa inteligência artificial que identifica nosso comportamento e nos oferta sempre mais e mais daquilo que temos interesse ou ele é tudo isso mesmo. Pode até ser verdade, mas o ponto aqui não é esse. 

O que me impressiona é a dimensão que essa palavrinha “algoritmo” ganhou. A coisa ficou popular demais. Ou, como dizem hoje, estourou a bolha, sendo presença obrigatória em conversa de tudo quanto é tipo. Política, futebol, consumo, sexo, família, viagem… Tudo regido pelo algoritmo, sendo todos nós marionetes nas mãos da rapaziada do Vale do Silício.

Sei lá, às vezes acho apocalíptica demais essa perspectiva. Uma leitura meio como a que os frankfurtianos tinham dos meios de comunicação de massa na primeira metade do século XX, colocando o indivíduo como mero fantoche guiado por tecnologias malignas.

Pode até ser, mas tenho um pé atrás. 

Só torço para que o algoritmo não me entenda mal e deixe este texto esquecido não entregando pra ninguém nas redes sociais. 

Você não faria tal maldade, né, algoritmo querido? Sou seu amigo, cara…

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Pixabay