Política

E agora, Major? Vai ser só mais um na multidão

Major Vitor Hugo está de volta à confortável vidinha de servidor concursado depois de ambicionar alto

Ex-deputado federal, Major Vitor Hugo (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Major Vitor Hugo está de volta à Brasília, mas não do jeito que queria. Voltou à confortável e bem remunerada vida de servidor concursado no Congresso Nacional. Burocrata de ponta, é claro. Sonho de muitos. Mas para ele se tornou pouco. Quis ir longe, talvez além do que pudesse sonhar. Deve estar vivendo dias melancólicos.

Talvez até tenha noção de quem seja o poeta aqui citado, mas sei que Carlos Drummond de Andrade não é figura conhecida pelos pares de seu espectro ideológico. Sabe como é, cultura, literatura, poesia… Tudo isso é coisa meio que de comunista, meio que de viado, provavelmente de ambos, pra essa rapaziada chinfrim. Bem, ele escolheu com quem andar, logo deve ter algumas afinidades com esse jeito de enxergar o mundo, né?

A notícia de que ele está de volta ao rame-rame de burocrata do Congresso Nacional depois de sonhar alto, que “tistreza”, me inspirou a beber em Drummond e homenagear o carioca que tentou o governo goiano.

E agora, Major?
O mandato acabou,
a eleição apagou,
o povo sumiu,
o STF não caiu.
E agora, Major?
E agora, Vitão?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz acordos,
que tenta, perde?
E agora, Major?

Está sem mandato,
está sem discurso,
está sem gabinete,
já não pode ofender,
já não pode conspirar,
Gabinete do Ódio já não pode.
O patriota esfriou,
o golpe não veio,
o capitão não veio,
o general não veio,
não veio a distopia
e tudo acabou
e bolso fugiu
e tudo mofou.
E agora, Major?

E agora, Vitão?
Seu doce impropério,
seu instante de fama,
sua gula de poder,
sua emenda,
sua indicação de ouro,
seu terno com broche,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir o gabinete,
não existe gabinete;
quer subir na tribuna,
mas o microfone secou;
quer ir para Goiás,
Goiás não há mais.
Major, e agora?

Se você vencesse,
se você ganhasse,
se você dissesse
o tuíte carluxesco,
se você levasse,
se o voto viesse ,
se um cargo tivesse…
Mas você não tem,
você foi derrotado, Major!

Sozinho no escuro
qual bolso na Flórida,
sem foro privilegiado,
sem ministro amigável
para se encostar,
sem PGR amigo
que engavete a galope,
você segue, Major!
Vitão, para onde?

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás