Romaria do Divino: todo goiano tem sua história pra contar

Romaria do Divino Pai Eterno é igual a pamonha: goiano que fala mal perde moral na praça. A tal da goianidade passa pela festa católica de Trindade. Misturando o sagrado e o profano, como toda boa festa da fé faz, as comemorações em homenagem à Santíssima Trindade são elemento central da cultura de nosso estado.

Guardamos com carinho as histórias que lá vivemos, as pessoas que acompanhamos, os perrengues que passamos e, para quem acredita, as graças que alcançamos.

Fui duas vezes caminhando até Trindade. Na primeira homenageando o lado sagrado, na outra a esbórnia do profano: as duas faces dessa mesma moeda que é a romaria.

No debute, fui bem novinho. Eu era um pré-adolescente bastante carola. Ia sozinho às missas, comungava, confessava, frequentava grupo de jovens da Igreja. Ajudava nas atividades da comunidade, conhecia todos da paróquia pelo nome. Fiz uma promessa e, para agradecer o que aconteceu, caminhei até Trindade ladeado por minha mãe e tia que não me deixaram ir sozinho até a cidade vizinha da capital.

Na segunda vez, já estava distante do catolicismo. E muito próximo da farra. Cursava o primeiro ano da faculdade e fiquei até o início da madrugada de um sábado bebendo no Bar Rio que ficava no Setor Universitário. Poucas horas de sono depois, encarei a GO-060 do Terminal doPadre Pelágio até a Basílica para beber mais uns bons goles da garrafa do destilado que carregamos no trajeto. Coisa de jovem que tem saúde de sobra e ressaca nenhuma. Saudades…

Desde então, nunca mais encarei o trajeto de 18 quilômetros. Mas sempre que chegamos nessa época do ano, quando Trindade entra no noticiário com a festa, lembro dessas ocasiões. Tal qual acontece com todo goiano que já viveu boas histórias em Trindade. 

E se você é goiano e nunca participou, chegou a hora de corrigir esse vacilo curricular.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução