Ronaldo Caiado vive sua fase Fala Mansa: rindo à toa

Ronaldo Caiado compreendeu a fase de transição que vive a política goiana e resolveu tomar conta de toda bagunça. Até aqui, deu certo. O governador foi muito bem sucedido no movimento de trazer para seu lado adversários que poderiam crescer como oposição. Daniel Vilela foi o primeiro. Agora, vem Gustavo Mendanha. Do jeito que anda, o último que aderir que apague a luz da oposição.

Na eleição de 2018, Caiado ganhou enfrentando as duas máquinas mais poderosas da política goiana desde a redemocratização. Venceu na mesma tacada PSDB e MDB, forças políticas que ganharam todas eleições ao Palácio das Esmeraldas desde 1982 (Alcides Rodrigues é exceção que confirma a regra, governador acidental que só se sentou onde sentou por conta do então poderoso Marconi Perillo). Detalhe que importa muito: Caiado levou no primeiro turno. Uma campanha feita na base do bloco do eu sozinho, calcada mais no currículo do que em projetos. Mas 2018 é um ponto totalmente fora da curva por conta da zona institucional promovida pela Lava Jato. Naquele contexto, o antiestablishment dava voto por si só. E Caiado encarnou esse sentimento no estado.

Em 2022, o cenário era outro. Polarização nacional acentuada, cheiro de golpe emanando de Brasília. A pandemia fez o Brasil ficar de luto e testou como nunca governadores país afora. Caiado trouxe para seu time Daniel Vilela, principal adversário de 2018, e o colocou como vice. Marconi ficou tempo demais em São Paulo distante da realidade goiana e não compreendeu que cicatrizes ainda permaneciam abertas na sua imagem perante o eleitor. Caiado tinha tudo para nadar de braçada. Não foi o que aconteceu.

Mendanha, liderança jovem da região metropolitana de Goiânia, junto da força do bolsonarismo agro que optou por Vitor Hugo quase que levaram a eleição goiana para o segundo turno. 

Caiado decidiu então repetir a estratégia e traz novamente o principal opositor eleitoral para seu campo político. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia retorna ao MDB para construir seu futuro político. Onde isso vai dar? Sei lá. Não tenho talento para Mãe Dinah. O fato é que a oposição ao Palácio das Esmeraldas jamais esteve tão anêmica. 

Quem se diz adversário do governo? O petismo hesitante já que Lula se aliou ao União Brasil de Caiado e nutre relação cordial com o goiano; os tucanos ainda sem norte depois de duas derrotas doloridas de Marconi; e o bolsonarismo acéfalo que late muito e especialista em esfregar sorvete na própria testa.

O fato é que Caiado está em período totalmente Fala Mansa: rá-rá-rá-rá, ele está rindo à toa.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação