Esporte

Serra Dourada tem que voltar para o torcedor goiano

Serra Dourada é o palco principal do futebol goiano e é um absurdo o abandono desse monumento que mexe com nossa memória afetiva

Estádio Serra Dourada irá receber Vila Nova e Chapecoense. Foto: Mantovani Fernandes - Seel

Serra Dourada é o local mais nobre do futebol goiano. Pode estar detonadinho e está, pode não ter o glamour de outrora e não tem, pode não estar em sua melhor fase e definitivamente não está. Mas negar que só o Serra Dourada dá a dimensão épica que o esporte demanda dentre todos os outros estádios goianos é tão estúpido quanto negar a força da gravidade.

É muito gostoso ver a torcida do Goiás mobilizada para pintar de verde as arquibancadas do Serra Dourada no jogo de hoje contra o Estudiantes. Os esmeraldinos que tantas vezes fizeram tremer as estruturas do maior estádio do estado merecem sentir novamente essa emoção.

Mas principalmente as novas gerações de torcedores goianos precisam viver a magia do Serra Dourada. Só assim entenderão que exclusivamente naquele espaço o futebol goiano pode viver seu apogeu. Sei perfeitamente que a Serrinha, o OBA e o Antônio Accioly têm seu charme e suas virtudes, mas não dá para comparar nenhum destes ao que é o Serra Dourada.

Falo de magia pois sei tudo o que vivi naquele local. Frequento o Serra desde quando ainda habitava a barriga da minha mãe. Meu pai e ela grávida iam aos jogos do Goiás. Soltei pipa quando criança enquanto o Goiás jogava ali no gramado, passei parte ótima da minha adolescência comemorando e sofrendo com os resultados esmeraldinos. Adulto, já trabalhei como jornalista e me diverti com o Goiás no Serra. Minhas duas filhas já vestiram o manto verde naquelas arquibancadas, comeram espetinho no estacionamento, picolé durante o jogo e disco no intervalo. Haja memória afetiva. 

Sei que para a maioria dos jogos da capital, o Serra ficou grande demais. Sim, na maior parte das partidas o estádio é maior que o futebol goiano. Triste, mas o fato é que mais de 30 mil torcedores prestigiando uma partida não é marca frequente para nossos clubes.

Contudo existem ocasiões em que isso é possível. Um mata-mata de Sul-Americana, por exemplo, como é o caso do Goiás hoje ou do Atlético Goianiense no ano passado. Ou uma disputa eliminatória na Copa do Brasil contra o Fluminense como fez o Vila Nova em 2022. 

O Governo de Goiás deveria fazer sua parte e dar um trato geral no Serra Dourada. Deixá-lo pronto e reformado para essas grandes partidas. Claro, exigindo dos clubes uma contrapartida, como um compromisso de mínimo de jogos que disputariam ali ao longo da temporada. O Governo também deve fornecer a receita completa do estádio aos clubes, incluindo bilheteria, bares e estacionamento. Sem isso, é fazer graça com o chapéu alheio.

Não dá para deixar o Serra Dourada se transformar em um elefante branco, usado de forma esporádica e errática. É falta de respeito com o patrimônio público. Mas principalmente é desrespeitar as melhores memórias de goianos que ali viveram emoções inesquecíveis. 

Que o Serra Dourada volte a ser o gigante que era. Os goianos de todas as gerações merecem.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Mantovani Fernandes – Seel