Coluna do Pablo Kossa

Vanderlan Cardoso briga por espaço político para sobreviver

Vanderlan Cardoso abre diálogo com PT no intuito de ganhar musculatura e sair do isolamento político imposto por Caiado e o bolsonarismo

Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso: lado-a-lado em evento de lançamento do Novo PAC. Ambos devem disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2024 (Foto: Divulgação/Alego)

Vanderlan Cardoso, sempre brinco com isso, é um político de perfil tribalista, do tipo “eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”. Sempre flutuou entre grupos políticos goianos e esteve em vários partidos. O seus pares percebem essa característica como egoísmo político, pois o interesse pessoal se colocaria sobre o do coletivo. Pode ser. Mas não dá pra negar que a sorte lhe foi generosa em sua trajetória. 

Saiu de um segundo mandato na prefeitura de Senador Canedo como candidato de Alcides Rodrigues em 2010 e estadualizou seu nome. Ganhou inconteste posição de destaque na política de Goiás. Candidato a governador por duas vezes, ficou em terceiro lugar nas ocasiões. Disputou a Prefeitura de Goiânia também duas vezes e chegou ao segundo turno ambas as vezes. Senador da República eleito, não como herdeiro de mandato por meio de suplência, o que não é pouca coisa.

Vanderlan aparece bem nas pesquisas para prefeito da capital que circulam nos bastidores. Claro, seu recall é grande já que tantas vezes teve o nome estampado nas urnas para escrutínio dos goianos. Nesse momento, a lembrança na cabeça do eleitor é o que mais conta. 

Mas ele está isolado.

Ronaldo Caiado não o perdoa por ter dado palanque ao bolsonarista Vitor Hugo ao Governo na campanha de 2022 depois do governador ter apoiado Vanderlan à prefeitura contra Maguito Vilela. Dizem que Gracinha Caiado não quer ver o senador nem pintado de ouro.

Daniel Vilela também não o quer por perto já que ambos ambicionam o Palácio das Esmeraldas na disputa de 2026. 

O bolsonarismo também não tem Vanderlan em bom conceito já que o senador tem perfil mais Centrão, de composição com o governo de ocasião. E quem está no Palácio do Planalto agora é Lula. 

Gustavo Gayer caminha para ser o candidato da extrema-direita bolsonarista em Goiânia e já travou brigas feias com o senador.

Qual força política sobrou a Vanderlan com a distância imposta pelo caiadismo, o conflito de interesses com o MDB, o esfarelamento do PSDB e a fúria bolsonarista que não aceita o mínimo dissenso? Sim, o Partido dos Trabalhadores. 

Rubens Otoni e Adriana Accorsi já colocaram o time em campo e abriram diálogo. Vanderlan correspondeu ao flerte. Filiados ao PSD arrepiaram os cabelos, já que a maioria dos filiados está alinhada ao caiadismo. 

O acordo garantiria apoio aos petistas em 2024 com a promessa de retribuição em 2026, seja com Vanderlan tentando o Governo ou novamente o Senado.

Está tudo aberto e Vanderlan mais uma vez mostra que não tem medo de mudanças. Se o eleitor vai compreender outro pulo entre grupos políticos, veremos. Mas o fato é que o senador vai tentar sobreviver fora da alçada caiadista ou bolsonarista. E isso significa algo. 

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação/Alego