Coluna do Pablo Kossa

Vergonha alheia é minha eterna companheira

O que não falta é gente no mundo que me faz sentir envergonhado pelo comportamento sem noção nas mais diversas ocasiões

Forço a cabeça e minha combalida memória me leva às tardes de domingo de infância na casa de minha avó materna. Paulistana, ela era adepta do Programa Sílvio Santos no SBT ao longo do dia. Assistindo ao Namoro na TV foi a primeira vez que senti vergonha alheia. Eu não acreditava que o cara topava tomar um fora na frente de todo Brasil. Se ele não tinha coragem de levar um não no face a face, 30 mil vezes pior televisionado. Até ali eu não tinha a malícia de compreender que muitos eram atores que só queriam descolar uma graninha pra aparecer na TV queimando o próprio filme. Naquele momento percebi que a cretinice humana é sem limites.

Desde então a vergonha alheia me acompanha. E senti uma vergonha alheia pesadíssima ao ver Ricardo Nunes ajoelhando no milho bolsonarista pra tentar uns votinhos da extrema direita. Ele agora renega o comportamento correto que teve como prefeito de São Paulo ao longo da pandemia. Nunes se desculpa pelos acertos, pede perdão pelas boas medidas, diz estar arrependido por ter seguido os melhores protocolos endossados pelos cientistas. Baita vergonha alheia.

Também senti minhas bochechas ficarem rubras quando vi a Katy Perry num reality show da Globo. Gosto do trabalho da popstar, mas ela anda mandando muito mal nas últimas escolhas de carreira. Participar do Estrela da Casa está neste rol. Os participantes não sacavam direito a cantora e ela não entrou na vibe brasileira de reality show. Katy deve ter achado que quem já gravou clipe com o Snoop Dogg chapadão tiraria qualquer coisa do audiovisual de letra. Estava errada. Ela não sabia o patamar brazuca nessas coisas. Como senti vergonha alheia com a performance dela no programa.

O problema é que acabo sofrendo com a pessoa queimando o filme na frente de todo mundo. Queria parar de ver, queria tirar o cara dali, queria dar um pause no mundo pra evitar mais constrangimento. Mas é impossível. Quando o ser humano está imbuído na pauta de fazer o ridículo (viu, Nunes? viu, Katy), só nos cabe admirar a cena. E torcer para que acabe o quanto antes.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação