Bebês ou tartarugas?
Após a notícia do julgamento do STF que naquele caso em especifico descriminalizou o aborto…
Após a notícia do julgamento do STF que naquele caso em especifico descriminalizou o aborto ate o terceiro mês de gestação, as mais variadas manifestações de apoio e repudio surgiram.
Uma delas, com a seguinte comparação, ”salvamos ovos de tartarugas e matamos bebes humanos.”
Por alguns instantes de certo modo o inconformismo com a decisão baseado nessa comparação fez sentido.
Porém logo em seguida vários questionamentos surgiram, como impedir o aborto em um país em que as mulheres se calam quando sofrem violência sexual por ter medo e vergonha de ir a uma delegacia ?
Como criminalizar o aborto com uma epidemia de Zika a nossa espera no próximo verão?
Como impedir o aborto se nosso sistema de adoção é moroso, ineficiente e na maioria das vezes degradante?
O que dizer para aquelas mulheres que não terão suporte financeiro e emocional de suas famílias e dos pais das crianças?
Como tentar discutir o aborto em um momento em que nem mesmo as condições mínimas de educação, saúde e segurança existem em nosso país?
É melhor deixar que as crianças nasçam e morram depois vitimas da violência, da ineficiência da saúde ou por fome?
Como é possível dizer não ao aborto e ao mesmo tempo ser contra a adoção por casais homossexuais?
São questionamentos e não existem respostas fáceis para eles, assim como não deve ser fácil para uma mulher ter que decidir entre fazer ou não um aborto.
E o mais difícil em abas as situações é que independentemente do que os demais julguem ser o certo ou errado, cada mulher terá que carregar sozinha por toda a sua vida as consequências de sua decisão.
De todo modo é muito difícil ter a certeza sobre ser a favor ou contra o aborto, talvez o mais justo fosse apoiar a mulher seja qual for o caminho escolhido, já que nenhuma opção é fácil e que quem é contra sempre terá a opção de não fazer. Ainda assim, as perguntas ficam com poucas respostas.
A única certeza é a de que no Brasil continuamos debatendo, sem olhar profundamente para as causas dos problemas.