Março chega ao fim, mas ainda assim precisamos continuar falando sobre o machismo que nos acompanha durante o ano todos.

É preciso continuar falando sobre ser mulher

Março chega ao fim, mas ainda assim precisamos continuar falando sobre o machismo que nos acompanha durante o ano todos.

Março vai chegando ao fim e com isso o dito mês das mulheres, vai ficando para traz. O discurso de vítima não cabe mais nessa frente de batalha. Já a ideia de que somos soldadas que anseiam pelo confronto e nossas armas nos são tomadas todos os dias, é uma metáfora muito melhor.

Quando uma mulher é elogiada por dirigir bem, por ser autônoma, por trabalhar em atividades arriscadas ou complexas, na maioria das vezes o elogio vem disfarçado, pois existe uma critica implícita ali, que é o velho conceito de que essas atividades não poderiam ser desempenhadas por mulheres.

E o raciocínio inverso funciona também. Quando se pressupõe que um homem não tem medo de viajar sozinho, dirige bem e esta disposto a desempenhar qualquer atividade ainda que arriscada, fica claro que o machismo também aprisiona os homens, que correm o risco de serem inferiorizados se não correspondem às expectativas.

O caminho é longo e como o diabo mora nos detalhes, muitas vezes as grandes ofensas são superadas, mas os pequenos ataques do dia a dia quando apenas as mulheres fazem a comida e lavam as louças do final de semana, quando todos levantam da mesa e deixam seus pratos lá, quando ao estacionar sempre aparece o “flanelinha” desesperado como se a qualquer momento fossemos bater em algo, em nessas situações e outras tantas a paciência vai se perdendo.

Mulheres que dizem que as demais mulheres que não querem ter filhos ou preferem esperar mais, são bruxas ou gostam de mordomia reforçam o machismo de todos os dias. Quando  pais que ficam com os filhos para que as mães possam ira a academia ou faculdade são colocados em um pedestal, sendo que na verdade não fazem mais do que sua obrigação, estamos reforçando a ideia de que a mulher tem que trabalhar a todo momento e sem pausas ou descansos.

Março vai terminar, mais um. O problema é que a necessidade de mudanças não termina com ele, pelo contrário. É preciso lembrar todos os dias o quanto é difícil ser mulher nesse país, pra quem um dia nós precisemos mais ter um dia ou mês especial pra falar disso.