O assunto não é fácil e a solução esta longe de ser alcançada, mas é impossível não refletir sobre a violência contra a mulher sem questionar, qual o papel que cada mãe, tia ou avó teve na formação desse agressor.
Aqueles que colocam as mães em um altar de perfeição, seres místicos que nunca erram, com certeza se revoltarão com a possibilidade de qualquer tipo de erro seja atribuído a essa mulheres.
E claramente aparecerão os argumentos de que “só quem é mãe sabe”. E ai vem à dura constatação de que aquela mulher agredida também tem mãe.
E aí ? Continuaremos sem tocar na ferida? Sem reconhecer que a segurança pública é falha sim, mas que se não existissem tantos agressores com a capacidade de cometer crimes tão bárbaros, talvez não precisássemos de uma legislação mais dura pra esse tipo de crime.
A lei reprime, mas só a cultura pode transformar. As mulheres são responsáveis sim por essa cultura que nos torna vitimas. São culpadas por todas as vezes que recriminam o machismo do outro, mas toleram o machismo de seus filhos, irmãos e maridos.
Somos culpadas ao desqualificar homens que são tímidos e os denominamos como “frouxos”. Somos incoerentes ao designarmos as nossas meninas as tarefas que deviam ser de todos da casa e depois reclamarmos que nossos maridos não dividem as responsabilidades do lar.
Toleramos agressões diárias a outras mulheres, sempre com o argumento de que “ela pediu”, “ela fez por onde” ou “bem que mereceu”. Apontamos para os homens como culpados e muitas vezes nos esquecemos da nossa responsabilidade na desordem da qual reclamamos.
O que nós temos feito para mudar essa realidade em que ser mulher é um risco? O que estamos fazendo dentro dos nossos lares com nossos meninos e meninas?
É um caminho difícil em que temos que vencer diversas crenças, mas talvez a mais difícil de vencer seja a de que a culpa do machismo é só do homem, sendo que ela também é das mulheres.