“O amor nos tempos do cólera”
Tempos em que amar é algo para corajosos, será que em algum dia isso foi diferente ?
Faço um empréstimo do titulo de umas das obras de Gabriel Garcia Marquez, já que os tempos de agora apesar de tudo, aparentemente não mudaram tanto no que diz respeito ao amor.
Se na obra genial que leva o titulo a que me referi, há o relato de um amor que enfrenta a mais variada sorte de dificuldades e persevera pois há fé nesse sentimento, hoje talvez não existam tantas dificuldades como outrora e a questão não é a quantidade de dificuldades, mas sim a dimensão de um único impeditivo.
Hoje o que impede o amor é a falta de fé. Amor esse que também já fora tido, como verbo intransitivo, amar. Amor que sempre foi e sempre será uma das forças que move o mundo e que apesar de tamanha importância, no agora recebe apenas questionamentos e desconfianças.
Alguém que diga que vai ser casar recebe logo em seguida várias interpelações do tipo, não faz isso, “meche com isso não”, todo mundo tem que fazer essa besteira um dia, bobo no mundo nunca acaba e por ai vai…
O que fica é a pergunta, é justo isso? É justo depositar no outro todas as frustrações e crenças desarrazoadas que a maioria concebeu? É justo apontar pra quem ainda esta disposto a acreditar no amor e julga-lo como bobo?
Seria justo também nos desqualificarmos para o amor? Insistindo em acreditar que esse tal de amor não seja para todos, que são poucos aqueles conseguem se equilibrar e se manter amando e por isso não vale a pena tentar.
É certo que ficam as perguntas e as obras que o amor traz e na verdade todo o resto também é fruto desse sentimento que move o mundo, que sempre será “fogo e arde sem se ver” e que muitas vezes é exaltado e em outras tantas desacreditado. Indefinido e incompreendido, que desperta curiosidade e medo, que pode tudo e as vezes nada.
O que não deve ficar é a nossa mania de julgar que o certo é no amor, não acreditar.