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O SUS em perigo, quem corre o risco somos nós?

O SUS é uma das conquista da Constituição Federal de 1988 e mesmo não alcançando a perfeição é uma das ferramentas que possibilitaram a evolução dos indicativos sociais no Brasil.

Uma das grandes discussões sobre uma possível mudança quanto ao viés econômico no Brasil é justamente a existência de um Sistema Único de Saúde. Pra que fique claro e possa haver ampla compreensão é necessário lembra que o Liberalismo Econômico, falando de um modo muito simples, acredita que a melhor alternativa pra o equilíbrio econômico é a não intervenção do Estado na economia.

Exemplificando, poderíamos dizer que em um Estado liberal mesmo os serviços de saúde mais básicos só estariam a disposição para aqueles que de algum modo tivessem uma contraprestação financeira para oferecer.

Muitos países do mundo são assim, não estaríamos falando de algo inédito na civilização moderna, por outro lado, muitas das melhorias sociais alcançadas pelo Brasil estão relacionadas a assistência ofertada pelo SUS.

A revista Piauí apresentou uma matéria abordando o risco do corte de verbas destinadas ao SUS que se iniciou em 2016 com a PEC que limitou os valores a serem investidos no Sistema Único de Saúde.

De fato pensar em um formato em que o financiamento do SUS possa se tornar mais viável é uma possibilidade coerente com os tempos de crise em que vivemos, entretanto ao tratarmos a saúde apenas como um indicativo monetário deixamos de analisar que o dinheiro investido em saúde acaba se tornando um valor economizado em várias outras áreas e possibilita que o recurso investido em Educação possa de fato obter frutos.

Vacinas, companhas de conscientização quanto a doenças sexualmente transmissíveis, medicamentos para diabetes, problemas cardíacos e outros, atendimentos de urgência e emergência, internações e tantos outros suportes são ofertados pelo SUS todos os dias e nós sabemos disso mas muitas vezes tudo isso se torna invisível no cotidiano.

Uma reflexão que é absolutamente necessária é a de que se não houver o SUS como o cidadão terá acesso a saúde? Nosso sistema de saúde suplementar (planos de saúde) estariam preparados pra receber tantos novos usuários, na melhor das hipóteses, e se as pessoas simplesmente não conseguirem arcar com os custos de um plano, quando necessário ficarão literalmente à míngua?

O SUS é uma conquista para o Brasil reconhecida mundialmente, não é perfeito, como nada nessa vida é, mas ter um sistema que busca garantir o acesso universal à saúde é algo que transformou a vida de muitas pessoas e deu dignidade a muitos cidadãos.

Partindo dessa conclusão é preciso também lembrar que no Brasil os governantes possuem um péssimo habito que é o de desfazer o que já foi feito para simplesmente não reconhecer o que o seu antecessor fez de bom, quando na verdade deveríamos utilizar o que foi bom para ser a base de aperfeiçoamento e descartar o que não é bom.

O descarte das nossas conquistas sempre representa um prejuízo enorme para toda a população. Por isso se o SUS corre perigo, todos nós devemos seus defensores, podemos pleitear melhorias? Devemos! Podemos pensar em um custeio mais eficaz? Precisamos! Mas abandonar os trinta anos de crescimento, solidificação e aprimoramento do nosso Sistema Único de Saúde jogar no lixo não só o acesso a saúde universal, mas também todas as conquistas sociais que essa garantia trouxe junto de si.

 

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