Muito se fala sobre o efeito negativo que existe em noticiar as tragédias ou acontecimentos resultados da violência diária. Infelizmente não acredito que alguém goste de falar sobre isso, eu pelo menos me entristeço ao comentar sobre cada tragédia noticiada. E me pego pensando sempre, será que eu serei a próxima vitima?
Existem milhares de assuntos que poderiam ser tratados aqui. A política pra agora é um prato cheio, com todas as reflexões sobre a transição que estamos vivendo. Mas me sinto no dever de não me omitir quanto à violência que se alastra em praticamente todos os setores da nossa vida.
Goiânia em um intervalo de apenas uma semana, assiste novamente a duas mortes trágicas. A corretora de seguros, baleada enquanto dirigia e a estudante que foi brutalmente “atropelada” ainda que estivesse em sua motocicleta, a caminho do trabalho.
Quanto à morte da corretora ainda não existem informações consistentes com relação a como aconteceu. Inicialmente a ocorrência atendida pelo corpo de bombeiros era de acidente de trânsito e só depois que a vitima foi atendida é que constatou-se que ela havia sido baleada na cabeça, e então provavelmente perdeu o controle do automóvel.
A Estudante, como disse a irmã em entrevista, já havia tido um acidente com um motorista embriagado, mas naquela oportunidade, quebrou apenas uma costela. Dessa vez a vida dela foi levada. Uma combinação letal de velocidade e embriaguez. Através das imagens captadas por uma câmera de segurança, a versão do motorista tornou-se inaceitável, pois as imagens mostraram claramente que ele estava em alta velocidade e não houve qualquer contribuição de outros motoristas para que o acidente acontecesse.
Nas duas mortes foram jovens mulheres. Um tiro sem dúvidas é muito diferente de um acidente de trânsito. Mas ao que tudo índica o Goianiense não compreendeu ate hoje que o ato de dirigir pode sim se tornar uma arma letal. Acidentes de trânsito são a segunda causa de mortes de jovens no mundo, e Goiânia não tem fugido a regra.
Praticamente toda semana morre um jovem vitima do trânsito na capital. Seja pela própria imprudência ou pela imprudência de outro motorista. Infelizmente diante desse cenário aterrorizador não há como não falar sobre isso.
Caso a população não reaja para cobrar mais segurança, e deixe de se contentar com medidas que na verdade são apenas paliativos continuaremos reféns presos em casa. Já no trânsito enquanto não deixarmos de sermos coniventes com nossos amigos, parentes e conhecidos que dirigem colocando a vida dos demais em risco e não assumirmos nossas próprias imprudências as noticias nos jornais não vão mudar.
E assim espero o dia em que eu não tenha mais razões para chamar a cidade que eu tanto amo, de cemitério de sonhos, já que eu continuo tentando viver os meus aqui também. Ainda que nossa cidade outrora chamada de cidade das praças, venha se tornando tão hostil a todos que moram nela, não podemos desistir.