Comportamento

Vamos nos casar! Que comece o caos!

O casamento deixou de ser a celebração do amor para se tornar a exibição de quem pode pagar mais

Vamos nos casar! São três palavras que inauguram o caos na vida de qualquer pessoa. Ainda que ela não queira fazer absolutamente nada que não seja apenas ir a um cartório ou juntar as escovas de dentes, literalmente, e depois convidar os amigos pra um jantar na casa nova, o caos começa.

Começa pela infinidade de cobranças. Tem que casar na igreja, tem que ter festa, tem que ter apartamento próprio (ainda que financiado até a próxima geração), tem que casar no cartório, tem que ter foto e vídeo, tem que ter viagem de lua de mel, tem que ter pedido de casamento pirotécnico e a lista não acaba nunca, nem quando chega ao fim tem que ter as benditas samambaias na parede da festa.

O casamento que sempre foi um ritual virou um circo. Um evento padronizado em que ter aquela decoração do fulano e os doces do beltrano te lançam automaticamente a um patamar diferente dos demais casais.

Mede-se a alegria pela quantidade lustres, o amor pelo preço da decoração, as felicitações pelas fotos nas redes sociais e o resto é só mais do mesmo.

E quem ainda que bravamente tenta nadar contra a corrente, acaba sucumbindo a situações até então inimagináveis.

Pagar o dobro por serviços que, para pessoas normais (leia-se não noivas), seriam a metade do preço. Aos poucos a onda do “tem que ter” passa por cima de tudo e você se vê em busca de objetos e serviços que jamais buscaria. Aí chega a hora de parar.

É melhor parar e lembrar que um casamento é uma celebração, seja ela onde for, e que para celebrar bastam pessoas que realmente acreditem que o amor de duas pessoas merece ser comemorado, seja em um salão todo em mármore, seja debaixo de uma árvore, na casa da família ou na sala do novo casal.

Casar não é uma festa, é uma escolha já que Amar é isto: uma sucessão de atos de fé em algo que não se pode ver a crença inabalável no que não se pode tocar e a esperança naquilo que deveria ser nossa própria existência, e isso não se compra e não tem preço.