Cinema

7 experiências memoráveis que eu tive em uma sala de cinema

Sete experiências inesquecíveis no cinema

Ir ao cinema vai muito além de ir assistir a um filme. É uma experiência. Claro, nem sempre a experiência é boa, seja pelo filme ou quando algumas pessoas dentro da sala não respeitam o ambiente e prejudicam o todo com conversas, uso de celulares, etc.

Mas quando a experiência é boa, a mágica de uma sala escura e assistir a um filme ótimo compartilhando tal ambiente com vários estranhos pode ser inesquecível.

Esta lista é a mais pessoal já feita por mim. São sete filmaços que conseguiram cravar momentos marcantes na minha memória, como também foram experiências que por certas razões tornaram-se inesquecíveis para mim. Óbvio que há outros títulos, mas vou focar apenas em 7 hoje. Vamos de lista!

01. A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (2005)

Era uma criança entrando na pré-adolescência e fui assistir ao filme sozinho em um cinema que ficava no primeiro andar do shopping Flamboyant, em Goiânia. Na época se chamava Cinemas Severiano Riveiro (hoje a rede foi renomeada para Kinoplex), e ainda me recordo do cartaz enorme estampado por Willy Wonka e os demais personagens.

Mesmo criança nunca fui fã do filme de 1971. Sempre o achei estranho, chato, feio e com cenários que não tinham nada de mágico, pelo contrário, pareciam construídos pobremente em uma garagem qualquer e com um chocolate que tinha aparência de água suja (a desculpa de ser antigo não cola porque Hollywood possui produções antigas soberbas, é que aqui não investiram dinheiro mesmo).

Mas antes de ver a versão com Johnny Depp eu tinha lido o livro escrito por Road Dahl, portanto, quando o filme dirigido por Tim Burton começou e as coisas foram acontecendo, me recordo de ficar empolgado e com um sorriso gigante no rosto.

Estava com vários chocolates e uma Coca-Cola em mãos e totalmente imerso naquela fábrica que realmente parecia fantástica. Já era fã de Burton e Depp por causa de “Edward Mãos de Tesoura” (que passava bastante na Sessão da Tarde), e fiquei totalmente apaixonado com o filme. Apaixonado pelos cenários, pelas músicas e pelo clima ao mesmo tempo soturno, surreal, irônico e ácido. Depp encarnou com maestria a estranheza do Wonka dos livros e o filme respeita bastante o material original de Dahl. Enfim, saí feliz e nunca mais deixei de rever o longa. Todo ano, ao menos uma vez, assisto a este “A Fantástica Fábrica de Chocolate”.

02. BATMAN BEGINS (2005)

Goiânia ainda possui um cinema no centro da cidade chamado Cine Ritz. São apenas duas salas, é pequeno, mas foi um local responsável por inúmeros momentos marcantes em minha vida. Meu pai me deixava ali sozinho para assistir aos filmes que eu queria, e ficava andando pelo centro da cidade até chegar o momento de me buscar. Assisti vários filmes sozinhos nesse lugar e desde cedo meu pai criou em mim está vontade de ir ao cinema.

Não me recordo o que aconteceu no dia, mas eu entrei mais ou menos 10 minutos atrasados na sessão de “Batman Begins”. Estava empolgado já que o Batman é o meu super-herói favorito e nunca tinha visto um filme do Homem Morcego no cinema até então. Quando entrei, olhei para a tela e estava naquela cena em que Bruce Wayne está preso e batendo em alguns caras na prisão. Tinha apenas 11 anos na época e quando olhei para aquilo, e aquele clima soturno e realista, não reconheci de imediato como um filme do Batman (estava com os filmes dos anos 90 na cabeça). Achei que estava na sessão errada. Me lembro de perguntar para uma pessoa que estava sentada na ponta se aquele era o filme do Batman e ela me respondeu “sim”. Sentei no meu lugar e fiquei completamente surpreso e abismado com “Batman Begins”.

O filme traz um Batman mais realista, sombrio e entrega muita diversão com alguns dos melhores momentos do personagem em ação no cinema. Fiquei totalmente apaixonado e quando saí não parava de pensar no filme. Comprei depois um álbum de figurinhas (que aliás, tenho guardado até hoje em algum lugar), e só pensava em assistir novamente ao filme. Depois que ele chegou na locadora ficou mais fácil rever outras vezes.

03. AS FÉRIAS DE MR. BEAN (2007)

Estava morando nos EUA com minha tia Sula e meu tio James. Tinha 14 anos na época e o filme havia estreado por lá, se não me engano, em algum momento entre setembro e novembro. Queria muito assistir e pedi ao meu tio pra gente ir. Sempre fui apaixonado pelo Mr. Bean desde criança quando assistia várias e várias vezes os seriado live-action estrelado pelo genial Rowan Atkinson – lembro que passava na Band na época. Tinha visto também ao primeiro filme do personagem na televisão e estava bastante empolgado para esta nova aventura.

“As Férias de Mr. Bean” é hilário e possui uma produção muito bem realizada. Mas o que mais me marcou em minha ida ao cinema foi te-lô visto com os meus tios e de presenciar o meu tio James derramar lágrimas de tanto rir (nem eu estava rindo tanto daquele jeito, e aquilo ficou cravado para sempre na minha memória). Não tinha muita gente na sessão, portanto, tornou o programa em família algo muito mais intimista e memorável.

04. SWEENEY TODD: O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET (2007)

“Sweeney Todd” foi lançado em dezembro de 2007 nos EUA e eu estava morando lá com os meus tios. Sou fã incondicional de Johnny Depp e Tim Burton e amo musicais, portanto, estava bastante empolgando com Sweeney. Entrei no Google para pesquisar tudo sobre a história, a peça teatral, etc. Mas não fui ver ao filme pois o longa era para maiores de 18 anos e minha tia não quis me levar.

Voltei ao Brasil em março de 2008 e o filme estava quase estreando nos cinemas daqui (naquele época, era mais comum alguns filmes estrearem com meses de atraso no Brasil). Lembro de estar na fila e a moça da bilheteria não deixar eu comprar o ingresso porque era para maiores de 16 anos aqui, e eu tinha 14 na época – só podia entrar acompanhado. Felizmente, fiz amizade com um moça na fila que tinha 21 anos e ela aceitou entrar comigo para assistir ao filme.

Não apenas pela amizade inusitada formada no dia, mas este foi também o meu primeiro longa para maiores de idade que eu assisti no cinema. E até hoje “Sweeney Todd” é o meu filme musical favorito já lançado. Amo as músicas de Stephen Sondheim, a concepção visual de Burton para os cenários e personagens, e claro, das atuações marcantes de Johnny Depp, Helena Bonhan Carter, Alan Rickman, etc.

05. BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (2008)

Depois de ser totalmente surpreendido com “Batman Begins”, imagina a minha empolgação para a continuação. Lembro de estar nos EUA na época em que Heath Ledger foi encontrado morto e aquilo me deixou extrememente triste. Estava com 14 anos quando “O Cavaleiro das Trevas” saiu e tinha me organizado para ir na pré-estreia com alguns amigos. Fui assistir no shopping Flamboyant, mas agora em um cinema da rede Cinemark que tinha sido inaugurado no terceiro andar.

O filme é uma obra-prima memorável e voltei outras duas vezes para assisti-lo na tela grande. Mas o que mais me marcou foi justamente a atuação de Heath Ledger como o Coringa. Sendo criança, até hoje me lembro que este foi um dos poucos casos onde um ator conseguiu se fundir tão completo em um personagem e torná-lo tão vivo em tela. É como se o Coringa estivesse vivo ali na minha frente, e aquilo me marcou bastante. Até hoje, “O Cavaleiro das Trevas” continua sendo o meu filme de super-herói favorito e Ledger é o meu Coringa favorito.

06. UP – ALTAS AVENTURAS (2009)

Não é o meu filme favorito da Pixar (continua sendo “Ratatouille”), mas “Up – Altas Aventuras” é um dos filmes que mais me emocionou no cinema. Assisti ao longa cinco vezes na tela grande e em todas eu chorei pra caramba (tanto no começo icônico mostrando a vida de Carl quanto no final quando ele esta olhando o álbum de fotografias da esposa falecida).

“Up” é uma aventura magistral que mescla vários elementos do gênero sem deixar de lado o coração de seus personagens – além da nossa dublagem ser foda com Chico Anysio em um trabalho memorável como o protagonista.

Me lembro de ter ido assistir na estreia com alguns amigos e de ter chorado tanto que meus óculos 3D não paravam de ficar embaçados. Estava parecendo um pimentão vermelho, e quando olho para o lado os meus amigos também estavam chorando. Não prestei atenção na sala toda, mas acredito que muitos ali também não conseguiram resistir. Enfim, uma experiência memorável para um adolescente de 15 anos.

06. VINGADORES: ULTIMATO (2019)

E mais recente temos “Vingadores: Ultimato”. Nenhum filme, nem antes nem depois até hoje, conseguiu proporcionar a experiência de “Ultimato” para mim. Fui na pré-estreia (obviamente) em uma sessão à meia-noite e a sala estava lotada, muita gente fantasiada e todos ali na expectativa depois daquele final angustiante de “Guerra Infinita”.

E desde o início do filme até o final posso dizer que a experiência foi parecida com a de um jogo de copa do mundo quando todos se reúnem e estão eufóricos, ansiosos e animados torcendo pela Seleção. A sala vibrava e gritava de emoção em momentos icônicos como, por exemplo, quando o Capitão América segura o martelo do Thor – ou chorava fervorosamente quando o Homem de Ferro se sacrifica para salvar o universo. Enfim, foi um surto coletivo onde todas as peças se encaixaram perfeitamente e todos ali estavam em sintonia curtindo cada minuto em uníssono.

Sim, existem muitos filmes de super-heróis (como em qualquer outro gênero) que são feitos à base de comitê e são lançados apenas para fazer dinheiro aproveitando a onda do momento. Não há esmero nem preocupação com o produto. Mas “Ultimato” é a conclusão de um trabalho de 10 anos da Marvel iniciado em 2008 com “Homem de Ferro”, e o resultado visto na sala de cinema só reforça o poder do cinema como esta arte capaz de unir pessoas e proporcionar experiências marcantes ao lado de desconhecidos.

Se Martin Scorsese tivesse ido a uma pré-estreia do longa desprovido de pré-conceitos sobre filmes de quadrinhos, ele teria visto que a experiência do cinema que ele tanto defende estava ali, completa em sua essência. Memorável!