Crítica: A Menina Silenciosa (2022)
Longa-metragem foi indicado ao Oscar 2023 de Melhor Filme Estrangeiro
Filme irlandês indicado ao Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional, “A Menina Silenciosa” tal qual o seu título, é um drama que trabalha cada aspecto de sua dramaturgia no silêncio, sem alarde ou exposições, mas os olhares, o andar e o pouquíssimo falar são essenciais para construir a jornada destes personagens tão humanos, tão amargurados e repletos de angústias e tristezas.
A trama se passa na Irlanda em 1981 e conhecemos Cáit (interpretada pela linda e talentosa Catherine Clinch), um garota de nove anos extremamente introspectiva e calada que leva uma vida em situação de pobreza no campo com a problemática família, até que certo dia ela é enviada para passar o verão com Eibhlin (a excelente Carrie Crowley) e Séan (o ótimo Andrew Bennett), um casal sem filhos que são parentes de sua mãe. Diferente de onde mora, Cáit irá aos poucos sentir-se a vontade na casa dos dois e ser tratada com carinho e amor que não recebia na casa dos pais.
Não apenas a protagonista Cáit é uma pessoa de poucas palavras em “A Menina Silenciosa”, mas todos os personagens centrais do filme falam pouco, e reprimem emoções que claramente exemplificam a sofrível, amargurada e infeliz vida que vivem.
O longa é extremamente sutil e repleto de nuances e vai construindo sua dramaticidade através dos olhares e pequenos gestos. À medida que Cáit passa os dias na casa de Eibhlin e Séan, não apenas o expectador começa a sentir mudanças no comportamento de Cáit, como a presença da garota na casa também colabora para um reparo na própria relação do casal. Ao fim – principalmente na última cena – o filme nos emociona devido a relação construída até ali entre os personagens, e o aperto no coração fica por causa da realidade inevitável da situação.
“A Menina Silenciosa” é uma obra pequena, singela e sem o requinte técnico e grandioso de outros dramas que foram indicados ao Oscar 2023. Mas é um filme que esconde em suas entrelinhas, e em cada olhar de seus personagens, um mundo imenso de emoções e percepções humanas. Ainda que seja óbvio em suas resoluções, o resultado é tão delicado e minimamente charmoso, que confesso, fiquei emocionado. O longa demorou a chegar aqui, mas vale muito a pena. Recomendado!
An Cailín Ciúin/IRLANDA – 2022
Dirigido por: Colm Bairéad
Com: Catherine Clinch, Carrie Crowley, Andrew Bennett…
Sinopse: A história de uma jovem, Cáit, que é mandada embora para o verão de sua família disfuncional para viver com “o povo de sua mãe”. Estes são Seán e Eibhlín Cinnsealach; um casal de meia-idade que ela nunca conheceu. Aos poucos, aos cuidados deste casal, Cáit desabrocha e descobre uma nova forma de viver, mas nesta casa onde o carinho cresce e onde não há segredos, ela descobre um.