Cinema

Crítica: Babilônia (2022)

Longa-metragem é estrelado por Margot Robbie, Brad Pitt e Diego Calva

(Foto: Divulgação)

Os instantes finais de “Babilônia” é um resumo carregado de amor e reverência ao poder que o cinema é capaz de exercer na vida do ser humano. É um compilado de imagens que exemplicam as diversas emoções que a arte do audiovisual – principalmente quando compartilhada na sala escura com a tela grande – é capaz de causar nas pessoas. É um momento lindo, memorável e, de fato, emocionante que reforça o valor do cinema tanto para o próprio diretor Damien Chazelle, quanto para a plateia.

E “Babilônia” é um filme sobre recomeços, adaptações e reinvenções. A trama começa em 1926 em uma época onde o cinema mudo ainda era o auge, e seus principais astros vivenciavam as regalias do sucesso – regado a bastante álcool, drogas e sexo (sempre…). Aos poucos a trama avança para o início da década de 30 quando o som passa a integrar os filmes e o cinema falado agora se torna o futuro. E com esta mudança, atores da era muda já não eram mais requisitados ou apreciados pelo público.

“Babilônia” não é o primeiro filme a tratar a transição do cinema mudo para o falado, e muito menos em trabalhar os bastidores da indústria de Hollywood. Mas é, sem dúvida, um desses filmaços capazes de nos transportar para um mundo tão mágico, mas ao mesmo tempo tão trágico e irrepreensível, que Chazelle faz questão de não se apressar na história e explorar com avidez tanto as grandiosas festas, quanto o processo de filmagem do período. Para quem não conhece, é uma curiosidade mais do que prazerosa de acompanhar, e para quem já leu ou assistiu documentários sobre tal mundo, é ainda mais gratificante.

“Babilônia” é um filme que não esquece também de seus personagens, e aqui temos um trio importante que iremos acompanhar ao longo de três horas: Nellie LaRoy (a fenomenal Margot Robbie) é uma aspirante a atriz ousada e sem pudor que conquista o auge na época do cinema mudo, e depois precisa encarar a transição e suas inúmeras adaptações com relação a decorar falas, a postulação da voz, comportamento em cena, etc. Um drama semelhante é o de Jack Conrad (o estupendo Brad Pitt), um astro do cinema mudo, já mais velho, que não consegue mais repetir os mesmos sucessos de antigamente – uma relíquia, podemos dizer. E em meio a essas duas estrelas hollywoodianas, temos Manny Torres (o ótimo Diego Calva), um mexicano que se mudou cedo com a família para os EUA e sonha em trabalhar com cinema. Ele será nosso condutor em meio a vida de Jack e Nellie.

Magistralmente dirigido e atuado, “Babilônia” é uma odisséia que nos leva junto em uma viagem emocionante pela vida de três pessoas que exemplificam a crueldade de uma indústria, mas que são o expoente da influência do resultado final na vida do espectador. É uma indústria cheia de imperfeições que requer mudanças em vários sentidos, e está sempre progredindo e se reinventando, porém, para a plateia, o resultado final é o que importa e é este que levamos conosco para sempre. Seja na época do trem chegando a uma estação nos primórdios do cinema, passando por obras marcantes como “Cantando na Chuva” e “Titanic”, até feitos mais recentes como “Avatar” ou “Vingadores: Ultimato”, todos são parte de um mesmo mundo que compartilha um mesmo objetivo: entreter e levar experiências inesquecíveis para as pessoas. Isto é cinema! E não há sofá que supere tal conquista.

Babylon/EUA – 2023

Dirigido por: Damien Chazelle

Com: Diego Calva, Margot Robbie, Brad Pitt, Jean Smart, Tobey Maguire…

Sinopse: Babilônia segue grandes atores do cinema mudo no final da década de 1920, justamente quando o cinema passa a ser falado. Em 1926, o imigrante mexicano Manny (Diego Calva), ajuda a transportar um elefante para a festa do executivo da Kinoscope Studios. Lá, conhece a atriz Nellie LaRoy (Margot Robbie) e também a atriz Jane Thornton. Durante a festa, Manny passa a ver outros atores em suas versões menos glamorosas. Nellie acaba sendo recrutada para substituir Thornton na Kinoscope e rapidamente começa a ser a nova “it girl” de Hollywood, aparecendo em inúmeros filmes e sendo a mais amada. Manny também não é esquecido, ele consegue rapidamente ultrapassar atores mais consagrados com a chegada dos filmes falados, já que muitos outros não conseguiram se adaptar a nova mudança. Já Nellie, mesmo sendo uma das atrizes mais famosas de Hollywood, ela acaba se virando para as drogas com as altas demandas de seus produtores.