Crítica: Carros (2006) | Especial Pixar
Longa-metragem foi dirigido por John Lasseter, o mesmo de "Toy Story" e "Vida de Inseto"
“Carros” foi um sucesso de bilheteria, mas conseguiu fazer muito mais dinheiro com brinquedos e produtos relacionados. E é um filme que para alguns quebra a hegemonia de obras-primas da Pixar desde sua estreia com “Toy Story” em 1995. Particularmente, eu amo o primeiro “Carros”.
Dirigido por John Lasseter, o mesmo diretor de “Toy Story 1 e 2” e “Vida de Inseto”, o filme nos coloca inserido em um mundo formado apenas por meios de transporte. Mas você não pode embarcar na obra querendo entender como seria a formação de um novo carro e seu crescimento ali naquele universo – afinal, é fantasia, é mentira e só aceita -, mas por outro lado, o longa é bastante criativo em adaptar o nosso mundo real para um mundo onde carros, trens, caminhões, aviões, etc, são seus habitantes. E esta criatividade é expandida mais ainda na continuação lançada em 2011 (mas em breve chegaremos nela).
No entanto, “Carros” é, na realidade, uma história sobre amadurecimento e aprendizado. Lasseter é apaixonado por carros antigos, viagens de carro e conhecer cidades interioranas dos Estados Unidos, e o diretor utiliza este cenário para criar uma trama intimista sobre um sujeito egocêntrico que sofre um acidade e vai parar em uma cidade pequena chamada Radiator Springs. Lá, ele conhece vários carros antigos e uma calmaria que contrasta com sua realidade agitada de estrela do automobilismo, e claro, vai aprender muita coisa sobre si mesmo e seu comportamento prévio, e se tornar uma pessoa, ops, um carro, bem melhor.
Temas como o passado e o presente, o agitado e o calmo, o sucesso e a autorreflexão sobre princípios e prioridades para se alcançar um bem estar pessoal, são parte de um enredo focado não somente na criatividade daquele mundo, ou em vender brinquedos, mas em despertar na plateia esta reflexão sobre como perdemos oportunidades, e nuances da vida, por sermos arrogantes, prepotentes e orgulhosos. Isto é o que mais me conquistou na história de “Carros”, justamente esta sensibilidade e o estilo old-school com que Lasseter conta esta história.
A trilha sonora é formada somente por músicas excelentes, e a canção original chamada “Our Town”, composta e cantada por James Taylor (que foi indicada ao Oscar) é sublime. Uma letra que reflete os temas do filme e toca fundo por falar de progresso, tempo e como nosso mundo muda.
Diante de toda esta história belíssima sobre amadurecimento, “Carros” é também divertido na medida certa, possui coadjuvantes memoráveis e acerta por pegar a cultura automobilística norte-americana e trabalhar de um jeito que reflita a própria cultura do país. Repito: eu amo o primeiro “Carros” e fico triste que as continuações tenham abraçado apenas o lado mercadológico e perdido a sensibilidade narrativa presente aqui neste primeiro filme. Infelizmente.
Cars/EUA – 2006
Dirigido por: John Lasseter
Onde assistir: DISNEY+
Vozes no original: Owen Wilson, Paul Newman, Bonnie Hunt…
Sinopse: Relâmpago McQueen (Owen Wilson) é um carro de corridas ambicioso, que já em sua 1ª temporada na Copa Pistão torna-se um astro. Ele sonha em se tornar o 1º estreante a vencer o campeonato, o que possibilitaria que assinasse um patrocínio com a cobiçada Dinoco. A fama faz com que Relâmpago acredite que não precisa da ajuda de ninguém, sendo uma “equipe de um carro só”. Esta arrogância lhe custa caro na última corrida da temporada, fazendo com que seus dois pneus traseiros estourem na última volta da corrida. O problema permite que seus dois principais adversários, o ídolo Rei (Richard Petty) e o traiçoeiro Chicks (Michael Keaton), cruzem a linha de chegada juntamente com ele, o que faz com que uma corrida de desempate seja agendada na California. Relâmpago é então levado para o local de corrida por Mack (John Ratzenberger), um caminhão que faz parte de sua equipe. Ele quer chegar ao local antes de seus competidores e, por causa disto, insiste que Mack viage sem interrupções. Mack termina dormindo em pleno trânsito, o que faz com que a caçamba se abra e Relâmpago, que também estava dormindo, seja largado em plena estrada. Ao acordar Relâmpago tenta encontrar Mack a todo custo, mas não tem sucesso. Em seu desespero ele chega à pequena Radiator Springs, uma cidade do interior que tem pouquíssimo movimento e que jamais ouviu falar de Relâmpago ou até mesmo da Copa Pistão. Porém, por ter destruído a principal rua da cidade, Relâmpago é condenado a reasfaltá-la. Obrigado a permanecer na cidade contra a sua vontade, aos poucos ele conhece os habitantes locais e começa a se afeiçoar por eles.