Crítica: COBRA KAI – 3ª temporada | Netflix
Terceira temporada arrasta no bullying adolescente, mas mantém diversão despretensiosa com clima nostálgico
Chega à Netflix a terceira temporada de Cobra Kai! Confesso que os filmes da franquia Karate Kid nunca me empolgaram tanto quando era criança. Nunca fui um fã fervoroso e nem guardo lembranças nostálgicas. Mas o primeiro filme, lançado em 1984 é, sem dúvida, um clássico oitentista e possui lugar cativo no coração de muitos adultos.
E nostalgia é a melhor palavra para definir a última década quando inúmeros projetos – principalmente dos anos 1980 – estão sendo resgatados e sendo refeitos com novos atores (Caça-Fantasmas) ou ganhando continuação com elenco original (Bill & Ted). O próprio Karate Kid já passou pelas duas vertentes com uma nova versão lançada em 2010 – com Jackie Chan e Jaden Smith – e agora uma continuação direta dos filmes antigos com a série Cobra Kai.
E o que falar de Cobra Kai? Poderia dar muito errado e ser apenas um aglomerado de referências e easter eggs dos filmes antigos e tudo apoiado pela nostalgia. Claro, parte da graça da série e sua força vêm da nostalgia, sem dúvida, mas ela consegue equilibrar bem o antigo e o novo e andar com as próprias pernas sem tornar-se escrava do passado.
Basicamente temos dois núcleos no seriado. Um é composto pelo elenco original – já velhos – e a continuidade de suas histórias. E o outro é formado pelo elenco jovem, cheio de novatos que não decepcionam. Os atores possuem carisma e suas jornadas compelem o suficiente para não prejudicar o show.
Mas o que torna Cobra Kai engajante é assistir à continuidade das histórias de Johnny Lawrence e Daniel LeRusso. Como eles estão? O que aconteceu com cada um ao longo destes 30 anos? E o que vai acontecer com eles agora? Ter William Zabka e Ralph Macchio de volta ao seus respectivos papéis reforça o apelo afetivo, mas o carisma de cada um também ajuda bastante – destaque para Zabka que surpreende na parte dramática.
Nesta terceira temporada – após um desfecho desolador da segunda -, os personagens estão numa linha tênue de suas relações pessoais. Tanto os mais velhos ao arcar com as consequências de suas rivalidades antigas, quanto os mais novos em serem os propagadores dessas diferenças.
Particularmente, diante das duas ótimas e divertidas primeiras temporadas, esta terceira é a mais fraca – em minha opinião. Não é ruim. Ela mantém tudo que amamos do seriado, mas serviu para comprovar algo: a história dos personagens mais velhos é muito mais interessante do que a dos mais jovens.
Neste terceiro ano temos um excesso de bullying que torna a parte dos atores mirins repetitiva e cansativa às vezes. Em todas as cenas é sempre um bullying, seguido por troca de ofensas e uma briga. Uma típica historinha de série/filme colegial mas utilizado à exaustão. A trama com eles enrola, e enrola, até chegar em um desfecho óbvio.
Por outro lado, o elenco mais velho ganha uma trama mais pomposa e interessante de acompanhar. O vilão do seriado, Kreese, ganha mais profundidade sobre como se tornou um carrasco, enquanto LaRusso e Lawrence voltam ao passado para encontrar respostas para o presente – com participação de uma personagem essencial do filme original.
Cobra Kai é um deleite e um passatempo nostálgico, porém, eficiente por si só em nos colocar mais interessados em saber o desenrolar desta história. Apesar das embromações recorrentes nesta terceira temporada, ainda assim, o show mostra ter força o suficiente para nos prender por mais um ano – principalmente com um final que une dois polos opostos.
Cobra Kai/EUA – 3ª Temporada
Nº de episódios: 10
Com: Ralph Macchio, William Zabka, Mary Mouser e Xolo Maridueña
Sinopse: Trinta anos depois de Daniel Larusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka) se enfrentarem, a rivalidade entre os dois ressurge quando Lawrence decide retomar sua vida por meio do infame dojo Cobra Kai. Enquanto ele busca redenção, o agora bem-sucedido Daniel tenta superar seus próprios desafios sem a ajuda de seu mentor, o Sr. Miyagi.