O primeiro “Divertida Mente” é uma dessas produções geniais da Pixar que nos apresenta um conceito comum à todos os seres humanos, mas transmitidos através de uma ideia inovadora e criativa. Somos apresentados às emoções dentro da cabeça da Riley, uma menina de 11 anos em um processo de encarar a mudança de cidade e a nova adaptação à escola e novos amigos. Quase dez anos depois, a Pixar lança esta continuação que promete lidar com novas emoções no contexto da adolescência, em um momento onde a puberdade vem com tudo e coloca Riley no ensino médio em uma tremenda ansiedade para se envolver com o novo time de hockey e se parecer bem, e descolada, diante das meninas populares.
Aliás, a ansiedade é a principal nova emoção do momento. Com a chegada da puberdade, a ansiedade juntamente com a inveja, o tédio e a vergonha irão se unir (ou não) aos veteranos alegria, tristeza, nojinho, raiva e medo para comandar a cabeça da Riley.
É óbvio que por se tratar de uma continuação não teremos o fator surpresa que tivemos no longa original, no entanto, aqui a Pixar consegue criar uma continuação que basicamente irá colocar estas emoções para entender a importância de abraçar todas as qualidades e defeitos da Riley, e que isto é essencial para formar quem ela é, ou o “senso de si mesmo” como é dito no longa. Ser formado só por pensamentos felizes não colabora para o amadurecimento e desenvolvimento como pessoa, mas abraçar os momentos bons, ruins, as situações embaraçosas, os erros morais, e etc, é importante para a construção, e aprendizado, como ser humano.
E agora a Ansiedade é a emoção à ser controlada. Se ao mesmo tempo ela traz um senso de organização e preparo importantes para qualquer ação, caso seja feito em excesso, assim como quaquer outro sentimento, só irá trazer problemas. Portanto: assim como no primeiro filme a Alegria aprendeu que a Tristeza é essencial para se chegar na felicidade, e que ambas devem trabalhar juntas, temos aqui um mesmo caminho onde a Ansiedade irá entender a necessidade do autocontrole, e todas as emoções, como já dito, irão entender a importância de não esquecer os momentos ruins, mas abraçá-los para criar aprendizado e autoconhecimento.
“Divertida Mente 2” não possui aquele momento emocionante tão frequentemente almejado nos filmes da Pixar – e que existia no primeiro filme (lembra do Bing Bong?) -, mas o novo longa é uma jornada do mesmo modo divertidíssima e que evolui a discussão acerca do crescimento da protagonista. Ele apresenta novas situações e locais dentro da cabeça da Riley, e utiliza o lúdico para agradar a criançada e trabalhar os temas mais adultos com o público maior. É um equilibrio notável que já existia no primeiro longa e que se mantém aqui.
E faz sentido existir uma continuação de “Divertida Mente” pois o ser humano é uma constante cheia de mudanças e aprendizados, portanto, são desafios e emoções novas a serem trabalhadas. Um terceiro filme, por exemplo, com a Riley entrando na vida adulta seria interessante. Mas sem ficar ansioso pensando no futuro, e focando no agora, “Divertida Mente 2” vale o investimento! Recomendado!
Inside Out 2/EUA – 2024
Dirigido por: Kelsey Mann
Vozes no original: Amy Pohler, Maya Hawke, Kensington Tallman, Lewis Black…