Crítica: Dogman (2023) – Amazon Prime
Longa-metragem é estrelado por Caleb Landry Jones e dirigido por Luc Besson
Luc Besson construiu ao longo de sua carreira um cinema muito coeso geralmente pautado na história de protagonistas desafortunados, oprimidos e, frequentemente, subjugados pela sociedade. Consequentemente, eles precisam encarar os confrontos da vida e a realidade violenta, e crua, da natureza humana – seja em filmaços como “Nikita” e “O Profissional”, ou obras fraquíssimas como “Lucy” e “Anna”.
Seu mais novo filme é “Dogman”, que já está jogado no catálogo do Amazon Prime sem nenhum tipo de ênfase ou divulgação. Ainda que não seja perfeito (vamos chegar lá), o longa-metragem possui muitos méritos e merecia mais atenção – ao menos para gerar debate e análises.
Na trama, acompanhamos Douglas Munrow (Caleb Landry Jones), um homem que foi abandonado pelo mãe e cresceu com um pai violento e sem nenhum tipo de afeto. Mas ele encontrou no companheirismo dos cachorros, e na arte do teatro, um refúgio para lidar com os traumas dolorosos de seu passado. Doug aproveitou sua conexão com os cães e os treinou para que o ajudem a cometer uma série de furtos e defendê-lo contra seus piores inimigos.
“Dogman” aborda uma discussão muito tocante sobre abuso infantil e a falta de estrutura familiar, e social, na formação de uma pessoa. A jornada de Doug é árdua, angustiante e pesada, e Besson constrói de maneira muito fervorosa, e emocionante, esta trajetória tumultuada que resultou em uma ser humano dedicado em uma difícil luta diária para sobreviver. Inicialmente, parece que Doug é o vilão da história, um sujeito monstruoso e completamente frio, mas não é nada disso! Tudo muda quando sua história é desenvolvida.
Daí, em minha opinião, “Dogman” entra um caminho onde não sabe para onde ir. Assistir a maneira como Doug controla os cachorros abre muitas possibilidades para uma ótima história de vigilante. Pensei em vários momentos que estava diante do nascimento de um herói improvável, e achei que Besson ia abraçar tal narrativa. Mas ao invés disso, o longa segue por vias dramáticas em uma jornada de aceitação (?) do personagem que culmina em um final decepcionante que não faz jus à grandeza do nosso protagonista. A construção dramática é ótima, a relação de Doug com os cachorros é empolgante e o roteiro tinha tudo para entregar um filme de ação que poderia ser memorável, e até render uma continuação. Infelizmente, isto não é aproveitado.
Mas preciso destacar aqui a excelente atuação de Caleb Landry Jones como Doug, em uma entrega tanto física quanto emocional que é pura revelação. Jones já trabalhou em vários filmes, mas é com este “Dogman” que temos a oportunidade de vê-lo como protagonista e é simplesmente magistral – lembra bastante o saudoso Heath Ledger.
Enfim, ainda que imperfeito, “Dogman” me surpreendeu positivamente e consegue ser muito mais interessante do que o título, ou a sinopse, sugerem.
Dogman/EUA – 2023
Dirigido por: Luc Besson
Com: Caleb Landry Jones, Jojo T. Gibbs, Christopher Denham…
Sinopse: Dogman é um drama francês dirigido por Luc Besson (O Quinto Elemento, Leon – O Profissional) e estrelado por Caleb Landry Jones. Situada em Nova Jersey, nos Estados Unidos, a produção conta a história de Douglas Munrow (Landry Jones), um homem que foi abusado por seu pai e encontrou no companheirismo dos cachorros um refúgio para lidar com os traumas dolorosos de seu passado. Mas Doug e seus cães estão bem longe de uma mera história de “melhor amigo do homem”: ele treinou os animais para que o ajudem a cometer uma série de crimes e defendê-lo contra seus piores inimigos.