Crítica: ‘Gladiador 2’ (2024) de Ridley Scott

O filme “Gladiador” de 2000 é uma obra com uma trama simples, mas que possui um estofo inesquecível, empolgante e que trouxe novamente, lá na virada do século, aquele interesse pelos grandes épicos históricos de Hollywood (ainda que por um breve momento). É um filme de vingança redondo e com uma produção visualmente acachapante. É um clássico do cinema constantemente lembrado com entusiasmo pelo público.

Este “Gladiador II” não chega nem na sola do sapato do primeiro filme. Ponto. No entanto, também está longe de ser um filme ruim. Se a cisma estava grande pela necessidade de se ter uma continuação de uma história que foi perfeitamente encerrada no primeiro, Scott e os roteiristas David Scarpa, Peter Craig e David Franzoni encontram uma saída para justificar este retorno à Roma e ao Coliseu.

A trama se passa anos depois do primeiro filme e acompanha Lucius, filho de Lucilla (Connie Nielsen) e sobrinho do Imperador Commodus (Joaquin Phoehix), e que era uma criança no longa original. Depois daquele desfecho onde Commodus é assassinado por Maximus (Russell Crowe), Lucilla envia seu filho para terras distantes até que a poeira abaixe e ele possa retornar seguro para Roma. Mas as coisas não saem como planejado e Lucius se encontra em terras estrangeiras, adulto, casado e sem ter nenhuma notícia da mãe. Após sua região ser invadida pelo Império Romano, ele é feito escravo e comprado por um dono de gladiadores (Denzel Washington), e voltará para Roma para lutar no Coliseu, e por sua liberdade.

Os filmes históricos de Ridley Scott nunca foram interessados com fidelidade histórica, e isto é excelente pois retira todas as amarras que o poderiam impedir de criar uma trama cinematograficamente eficiente. Este segundo filme não possui um arco de personagem tão marcante como o de Maximus, e nem possui um ator tão intenso e hipnotizante como Russell Crowe, mas é sem dúvida um filme épico interessado em divertir a plateia com tramas políticas, a jornada do herói e ótimas cenas de ação – principalmente no Coliseu. Felizmente, Ridley Scott entrega o que promete!

O roteiro abraça muitas similiaridades com o original, ao mesmo tempo em que abre espaço para desenvolver melhor o interesse de outros personagens pelo poder, e também colocar o nosso herói Lucius – agora interpretado por Paul Mescal -, em um caminho de vingança e luta por Roma tal qual Maximus.

A trama se estende em alguns momentos, e o ritmo não é tão coeso e linear como o primeiro “Gladiador”, mas deixando comparações de lado, “Gladiador II” respeita o filme original e proporciona uma aventura épica envolvente e divertidíssima de assistir. É um frescor bem-vindo em meio a tantas produções de pessoas com poderes e usando roupas coladas. Vale uma ida ao cinema!

Gladiator II/EUA – 2024

Dirigido por: Ridley Scott

Com: Paul Mescal, Pedro Pascal, Denzel Washington, Connie Nielsen…