Cinema

Crítica: Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Longa-metragem é o primeiro filme da franquia a não ser dirigido por Steven Spielberg

Quando “Os Caçadores da Arca Perdida” foi lançado em 1981 o cinema de aventura nunca mais foi o mesmo. Não somente pelo nascimento de um novo, e icônico, personagem mas também pela excelência da direção de Steven Spielberg em conduzir de maneira tão visualmente original uma história. Até mesmo em “O Reino da Caveira de Cristal”, o quarto longa da franquia lançado em 2008 e tido por muitos como o mais fraco da franquia, seu estilo de direção é singular e um casamento perfeito com a intenção de entregar uma aventura B.

Este “A Relíquia do Destino” é o primeiro filme de Indiana Jones sem a direção de Spielberg e o resultado é visível. O diretor James Mangold é um ótimo condutor e extremamente apaixonado por cinema (ele é responsável por filmaços como “Logan” e “Os Indomáveis”, por exemplo), mas Mangold continua não sendo um Steven Spielberg e muito da leveza e identidade visual tão marcantes e associadas à franquia se perdem aqui – até mesmo a cena de viagem com o avião no mapa não é tão empolgante assim.

Spielberg utiliza magistralmente a câmera para ressaltar elementos cênicos e movimentações que terão peso no futuro, assim como os close-up nos olhos de seus personagens aumentando nossa expectativa além da trilha sonora casada tão bem com cada ação em cena. Já aqui, temos parte disto mas sem a mesma criatividade visual ou empolgação. Ainda que seja eficaz, a direção de Mangold soa convencional na grande maioria do tempo e o roteiro também é carregado de dramas e cheio de enrolações que tornam a trama desnecessariamente longa e arrastada (são 2h30 de duração!) – ao menos “O Reino da Caveira de Cristal” é simplório e objetivo.

Os filmes de Indiana Jones são obras de intenções simples e leves em sua essência. São histórias rápidas embaladas por aventuras pueris extremamente bem realizadas. Os filmes dirigidos por Spielberg – principalmente a trilogia – carregam isso e tudo se encaixa bem. Aqui, temos um exemplar inflado e denso demais para algo que poderia ser mais simples. E confesso: até Harrison ford perdeu aquela alegria e humor sagaz habitual do personagem, e se transformou de vez no Ford velho rabugento da vida real.

No geral, “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” é uma aventura ok que possui um final sentimental fofo e satisfatório. A desculpa para se livrar do personagem de Shia Labeouf se encaixa bem e cria um drama tocante para o protagonista. Mas repito: é um filme que tenta emular a genialidade de Spielberg na direção mas soa pálido e ao menos para mim nunca alcança aquela empolgação simplória dos filmes anteriores. Dramático demais e longo demais que pesa na experiência.

Confesso: gosto mais do final de “O Reino da Caveira de Cristal” com Indy se casando com o amor de sua vida, Marion (Karen Allen), e enfim encontrando aquela paz na terceira idade. Se era pra trazer o personagem de volta, que fosse sem tirar tudo aquilo alcançado por ele anteriormente.

Talvez este “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” melhore com o tempo para mim, mas ao menos agora, estou um tantinho frustrado. Infelizmente.

Indiana Jones and the Dial of Destiny/EUA – 2023

Dirigido por: James Mangold

Com: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Antonio Banderas, Boyd Holbrook…

Sinopse: Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Indiana Jones (Harrisson Ford), famoso arqueólogo, professor e aventureiro, embarca em mais uma missão inesperada. Neste retorno do herói lendário, Indiana Jones, na quinta parcela da icônica série de filmes, encontra-se em uma nova era, aproximando-se da aposentadoria. Ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas quando as garras de um mal muito familiar retornam na forma de um antigo rival, Indiana Jones deve colocar seu chapéu e pegar seu chicote mais uma vez para garantir que um antigo e poderoso artefato não caia nas mãos erradas. Mas, desta vez, ele tem o sangue de uma nova geração para o ajudar nas suas descobertas e na sua luta contra o vilão Jürgen Voller (Mads Mikkelsen). Acompanhado de sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), o arqueólogo corre contra o tempo para recuperar o item que pode mudar o curso da história.