Crítica: Kung Fu Panda 4 (2024)

“Kung Fu Panda”, de 2008, foi uma dessas surpresas ótimas que ainda encanta pela maneira energética, hilária, criativa e cheia de coração com que a história do panda Po é contada. Nos dois filmes seguintes temos uma repetição de vilão com sede de poder, mas na franquia, os vilões nunca foram o mais memorável ou gratificante, e sim, a jornada do próprio protagonista que a cada novo longa evolui espiritualmente e descobre mais sobre si – mas sem perder o jeito desengonçado, faminto e falante de sempre.

Em “Kung Fu Panda 3” a jornada de Po tinha sido finalizada lindamente com o personagem controlando o Chi e se tornando o protetor definitivo do vale. Mas é claro que propriedades intelectuais de sucesso nunca ficam paradas por muito tempo, e se fora do cinema a franquia foi mantendo a chama acesa com séries animadas, o panda Po retorna à tela grande em sua quarta aventura cinematográfica.

Desta vez, Po precisa escolher o seu substituto como Dragão Guerreiro e se preparar para assumir o papel de Mestre Espiritual do vale onde mora. Enquanto isso, uma vilã capaz de se transformar em qualquer ser almeja trazer de volta todos os vilões e possuir o kung fu de cada um.

“Kung Fu Panda 4” mantém a tradição da franquia de lidar com temas espirituais e mesclar bastante comédia junto. O filme não é ruim e vai divertir muito a criançada, sem dúvida. Mas, para mim ao menos, a franquia não encontrou aqui um propósito criativo justificável para ganhar outro filme. A estrutura narrativa é repetitiva, o plano da vilã é bobo e os novos personagens não são carismáticos – e o próprio roteiro não sabe muito o que fazer com alguns deles (destaque para os pais do protagonista).

E este daqui foi o filme mais barato da franquia e isto faz diferença no visual. Não que a direção de arte seja ruim, mas pouco ousa na criatividade como existia nos anteriores. A sensação que tive é que “Kung Fu Panda 4” é um episódio estendido da série animada, que é legal e divertida, mas feita sem o esmero e cuidado do que uma obra para o cinema.

Ao fim, “Kung Fu Panda 4” diverte, mas existe mais por motivos financeiros e menos por razões criativas válidas. Mas, repito: a criançada vai amar e se divertir muito! E no fim das contas, elas são o público alvo.

Kung Fu Panda 4/EUA – 2024

Dirigido por: Mike Mitchell

Com vozes no original de: Jack Black, Awkwafina, Dustin Hoffman, Viola Davis…

Sinopse: Depois de três aventuras arriscando sua própria vida para derrotar os mais poderosos vilões, Po, o Grande Dragão Guerreiro( Jack Black) é escolhido para se tornar o Líder Espiritual do Vale da Paz. A escolha em si já problemática ao colocar o mestre de kung fu mais improvável do mundo em um cargo como esse e além disso, ele precisa encontrar e treinar um novo Dragão Guerreiro antes de assumir a honrada posição e a pessoa certa parece ser Zhen (Awkwafina) uma raposa com muitas habilidades, mas que não gosta muito da ideia de ser treinada. Como se os desafios já não fossem o bastante, a Camaleoa (Viola Davis), uma feiticeira perversa, tenta trazer de volta todos os vilões derrotados por Po do reino espiritual.