Cinema

Crítica: Mad Max – Estrada da Fúria (2015) | Relembrando

Longa-metragem é estrelado por Tom Hardy e Charlize Theron

(Foto: Warner Bros.)

Quase 10 anos se passaram desde o retorno de “Mad Max” aos cinemas e o diretor George Miller conseguiu entregar uma das melhores produções do gênero de ação dos últimos anos. Além de um visual lindo e marcante, o longa é repleto de discussões sociais desenvolvidas ao mesmo tempo em que sequências magistrais de ação acontecem com muita coisa sendo feita de maneira prática, e filmada realmente no deserto. Claro, efeitos digitais são presentes e ajudam a maquiar para melhor, mas a base prática está lá e isto faz muita diferença no resultado final.

A franquia “Mad Max” começou com um filme barato, feito com muita força de vontade por George Miller e lançado lá em 1979. Filmado na Austrália com quase nada de grana, o longa conquistou o mundo, revelou Mel Gibson e o próprio Miller, e rendeu outras duas continuações nos anos 80 que também fizeram imenso sucesso, e já abraçavam a ideia de um mundo acabado pelas guerras nucleares (algo que não existia à fundo no primeiro longa) e totalmente tomado pela areia. Com a evolução da tecnologia, em “Estrada da Fúria” Miller conseguiu, de fato, concretizar sua visão de mundo pós-apocalíptico e adota um visual marcante com cores vivas, principalmente o amarelo forte do deserto, e a mitologia deste mundo ganha muito mais detalhes e tensão.

E quem diz que o filme é apenas uma história de fuga que vai e volta pelo mesmo caminho, realmente não entendeu as nuances apresentadas pelo roteiro. É resumir o filme a tal ponto que tira totalmente sua alma. “Estrada da Fúria” através de suas fugas, perseguições e explosões, possui um texto rico que aborda temas sociais como a influência da religião na criação de líderes opressores, da mulher em uma luta constante ao patriarcado e no caminho árduo para encontrar sua voz, e no próprio mundo desiludido onde povos são dominados por quem tem mais – e cada personagem possui papel importante neste tabuleiro. Miller recheia o longa com figuras marcantes, desde a própria Furiosa (intepretada magistralmente por Charlize Theron), até o vilão Immortan Joe, o garoto kamikaze Nux, e outros bem coadjuvantes como o cara que toca guitarra durante a ação. Tudo agrega à fantasia e em tornar este mundo de Mad Max ainda mais único e memorável.

Se tenho alguma ressalva com relação ao filme é justamente com o Max de Tom Hardy. Diante de tantos personagens inesquecíveis apresentados pela produção, Hardy fica apagado e inexpressivo e o ator não consegue entregar a sagacidade que antes existia com Mel Gibson. Gibson era imponente e convincente, e tinha uma ironia que tornava seu Max Rockatansky muito mais envolvente e interessante. Já Hardy é apático o filme todo.

Indicado a 10 Oscars e ganhador de 6 estatuetas, “Mad Max: Estrada da Fúria” é uma aula de cinema em várias categorias. É a culminação do que há de melhor quando o criativo é respeitado. É a síntese perfeita do que deve ser um blockbuster. Um filmaço que nunca será esquecido!

Mad Max: Fury Road/EUA – 2015

Dirigido por: George Miller

Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Whiteley…

Sinopse: Após ser capturado por Immortan Joe, um guerreiro das estradas chamado Max (Tom Hardy) se vê no meio de uma guerra mortal, iniciada pela Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) na tentativa se salvar um grupo de garotas. Também tentanto fugir, Max aceita ajudar Furiosa em sua luta contra Joe e se vê dividido entre mais uma vez seguir sozinho seu caminho ou ficar com o grupo.