Crítica: ‘O Dublê’ (2024) com Ryan Gosling e Emily Blunt
Longa-metragem é uma espetaculosa, e bastante divertida, homenagem aos dublês no cinema
O diretor David Leitch trabalhou por muitos anos como dublê em Hollywood e fez sua estreia na direção ao lado de Chad Stahelski com um modesto filme chamado “John Wick”, em 2014. O filme se tornou um sucesso imenso e virou uma franquia, mas enquanto Stahelski continuou dirigindo os demais longas e tornando a ação cada vez melhor, Leitch abraçou outros projetos e buscou utilizar a mesma paixão, criatividade e intensidade da ação de “John Wick” em inúmeros projetos dos mais diversos como “Deadpool 2”, “Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw”, “Atômica”, “Trem-Bala” e agora este “O Dublê”.
E o que todos os filmes da carreira de David Leitch possuem em comum? Todos entregam muita diversão e ótimas cenas de ação realizadas com a visão de um dublê, mas também com a visão de um cara apaixonado por cinema e que entende a importância do ritmo, do visual e de como aquele momento será construído em tela. Os filmes de Leitch não carregam roteiros primorosos ou surpreendentes, mas ele consegue pegar o material e entregá-lo com personalidade, dinamismo e diversão. Ou seja, são excelentes entretenimentos realizados com respeito à experiência do público, afinal, cinema é muitas coisas mas é, acima de tudo, diversão.
E com “O Dublê” – inspirado em uma série dos anos 80 chamada “Duro na Queda” no Brasil – Leitch realiza uma grandiosa homenagem aos dublês e mostra como estes profissionais são essenciais para a concretização do espetáculo cinematográfico, mas que são frequentemente esquecidos nos reconhecimentos da indústria (hello Oscar!).
No longa, temos uma história absurda que lembra bastante os shows e filmes de espiões dos anos 70 e 80, mas o grande charme de “O Dublê” é o seu ótimo elenco – principalmente a excelente química entre o casal protagonista encarnado por Ryan Gosling e Emily Blunt -, e também a entrega da ação em situações que fazem referência a todos os estilos de ação que permeou o cinema e TV desde o seu surgimento, e cuja função dos dublês era, e ainda é, imprescindível. Aqui temos lutas em apartamentos chiques, perseguição de barco, perseguição de carro, luta em um caminhão em movimento, outra dentro de um helicóptero em movimento e muita, mais muitas quedas, explosões e acrobacias com carros. É um desfile de homenagens aos dublês no cinema!
Ainda que eu não considere um filme perfeito, e acredito que tenha um problema de ritmo em seu segundo ato, tudo isto acaba sendo um detalhe diante do todo. Ao fim, “O Dublê” segue a cartilha do cinema de David Leitch: é espetaculoso, é divertidíssimo, é empolgante e é cafona em vários momentos, ou seja, é diversão garantida e uma deliciosa experiência cinematográfica. Recomendado!
The Fall Guy/EUA – 2024
Dirigido por: David Leitch
Com: Ryan Gosling, Emily Blunt, Aaron Taylor-Johnson…
Sinopse: O Dublê é um filme de ação e comédia dirigido por David Leitch (Trem-Bala, Deadpool 2) e baseado na série Duro na Queda, sucesso dos anos 80. A história acompanha Colt Seavers (Ryan Gosling), um dublê de Hollywood que precisou abandonar a vida de acrobacias perigosas após sofrer um acidente. Porém, um tempo depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex, Jody Moreno (Emily Blunt), realizando as cenas mais intensas de ação de Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), protagonista do longa. Mas o convite envolve um grande mistério: Tom está desaparecido e, enquanto grava suas sequências, Colt descobre que pode ter se envolvido em algo muito maior do que um simples trabalho como dublê.