Crítica: Os Incríveis 2 (2018) | Especial Pixar
Longa-metragem foi dirigido por Brad Bird, diretor do original
Quando “Os Incríveis” foi lançado em 2004 o cinema não vivia esta era dos filmes de super-heróis como hoje. Este que já podemos chamar de um subgênero foi reavivado em 2000 – principalmente – com o primeiro “X-Men” e ganhou voo quando “Homem Aranha” se tornou um sucesso absoluto de bilheteria em 2002. A animação da Pixar foi uma guinada complementar neste formato e responsável por influenciar, e impactar, toda uma geração de espectadores ao condensar em um filme animado tanto a diversão habitual para a criançada quanto dilemas adultos que envolviam escolhas familiares e pessoais de cada personagem.
Dirigido por Brad Bird (“Ratatouille”), o longa foi uma revolução técnica para as animações no quesito iluminação e trazia situações inspiradas na vivência pessoal do próprio diretor e em sua paixão por obras de espionagem. A mescla dos elementos de super heróis, com a dinâmica de filmes de espião, é tão perfeita que tudo em “Os Incríveis” é essencialmente necessário e importante para a trama. Após 14 anos até o lançamento deste “Os Incríveis 2” em 2018, Bird resolve continuar justamente da última cena do original e dar sequência ao desenvolvimento da família Pêra quando estes voltam a ser super-heróis após anos de reclusão.
“Os Incríveis 2” segue um caminho parecido em muitos aspectos com o primeiro, mas o faz com diferenças no contexto e na maneira em que isto é desenvolvido. Ainda que tais características extraíam o fator surpresa e façam desta continuação menos impactante do que o filme anterior, o longa mantém o visual caprichado (e ainda melhor devido à evolução da tecnologia) e a dinâmica ágil e frenética, sem deixar de se preocupar em estabelecer as relações do público com cada um daqueles personagens tão amados.
Já o vilão é pouco surpreendente. Tudo bem que não era uma exigência que “Os Incríveis 2” fosse uma completa surpresa. É um filme de super-herói e estou contente em assistir personagens tão queridos novamente em ação. Mas em comparação com o longa anterior, o vilão aqui segue uma dinâmica previsível e sem a profundidade emocional do Síndrome, cujo arco narrativo havia sido magistralmente estabelecido desde que o personagem era criança. Mas aqui soa forçado e pouco convincente.
Mas nada disso interfere no ótimo desenvolvimento de “Os Incríveis 2”. A excelente ação está lá – mesmo que sem uma cena memorável como toda a sequência da ilha no anterior, por exemplo -, e a maravilhosa trilha sonora de Michael Giacchino dá o tom e colabora novamente com o clima envolvente da obra.
O diretor Brad Bird já falou em algumas entrevistas que nunca foi um leitor assíduo de quadrinhos, e talvez isso tenha favorecido desde sempre a criação de “Os Incríveis” na junção de dois estilos (herói e espionagem) de maneira fluida e sem amarras com as HQs. E “Os Incríveis” é uma criação original criada pelo próprio Bird sem adaptar de outro material.
Portanto, ainda que este não supere o primeiro, “Os Incríveis 2” está longe de ser ruim. É um filme ótimo de ver que matou com louvor a saudade de rever personagens tão amados e queridos. Filmaço!
The Incredibles 2/EUA – 2018
Dirigido por: Brad Bird
Vozes no original: Craig T. Nelson, Holly Hunter, Sarah Vowell…
Sinopse: Quando Helena Pêra é chamada para voltar a lutar contra o crime como a super-heroína Mulher-Elástica, cabe ao seu marido, Roberto, a tarefa de cuidar das crianças, especialmente o bebê Zezé. O que ele não esperava era que o caçula da família também tivesse superpoderes, que surgem sem qualquer controle.