Crítica: Os Irregulares de Baker Street – 1ª temporada | Netflix
Seriado se passa no mundo de Sherlock Holmes, mas o foco central são os adolescentes de rua chamados de Os Irregulares
“Os Irregulares de Baker Street” é uma série que foca em um grupo de adolescentes de rua que são contratados por Sherlock Holmes e Dr. John Watson para ajudá-los em uma investigação. Já que conhecem as tumultuadas ruas de uma Londres vitoriana, os Irregulares são de extrema ajuda em situações que carecem de maior destreza e sutilidade, em locais que, geralmente, Holmes e Watson chamariam muito a atenção.
Aqui nesta primeira temporada – que acaba de estrear na Netflix -, uma força poderosa e sombria tem crescido em Londres. O mistério começa aparentemente como um caso habitual de assassinatos e intrigas, mas cresce em algo que vai envolver também a vida pessoal dos Irregulares e do próprio Sherlock e Watson.
Sherlock Holmes é um dos meus personagens literários favoritos e já rendeu muita coisa boa no cinema e na TV. Diversas adaptações e versões que, à seu modo, conseguiram trazer estilos e visões ousadas, divertidas e cheias de frescor. Seja o Sherlock mais ação e elétrico de Robert Downey Jr. nos filmes dirigidos por Guy Ritchie (amos os dois longas-metragens!), ou um Sherlock mais velho e esquecido como em “Mr. Holmes” – e interpretado por Ian McKellen -, ou as versões mais clássicas lançadas nos anos 40, ou a série fenomenal “Sherlock” estrelada por Benedict Cumberbatch e Martin Freeman e que coloca os personagens nos tempos atuais.
As histórias de Sherlock não foram as primeiras a ter este estilo investigativo com bastante misticismo e mistério. Mas a criação de Arthur Conan Doyle se tornou a mais adaptada, reproduzida e utilizada como referência em tramas do gênero – principalmente por causa das características singulares que fazem de Sherlock Holmes um personagem interessantíssimo.
Mas aqui nesta série o foco não é Sherlock nem Dr. Watson. O foco central são os irregulares, enquanto os clássicos personagens são utilizados paralelamente, mas como parte importante da trama – principalmente nos últimos capítulos com as revelações. Mas “Os Irregulares de Baker Street” carece de personalidade. A ambientação da Era Vitoriana é bem realizada. A fotografia é ótima. A série é violenta e com um clima de mistério pomposo e chamativo. Mas não tem personalidade. Os personagens são arquétipos comuns de séries adolescentes e em nenhum momento temos alguém, de fato, que tenha uma representação instigante e interessante. Além da história que enrola e dos dramas novelescos que estendem além do necessário a narrativa.
Outro ponto que prefiro é quando as histórias trazem elementos aparentemente mágicos, e sobrenaturais, mas que depois são revelados, por Sherlock, como meros truques. Porém, quando a trama, de fato, coloca como realidade seres místicos e monstros numa história de Sherlock, ao menos para mim perde um pouco da graça e do charme.
Sherlock Holmes é um gênio da dedução, mas um sujeito complexo cheio de manias e problemas com drogas. Mas sua personalidade, muitas vezes indiferente, se casa perfeitamente com o indômito, mas desconfiado, porém sempre amigo Dr. John Watson. Entre brigas e reclamações, os dois possuem uma amizade que se complementa e é alma das histórias escritas por Conan Doyle, e essencial para uma adaptação dar certo. Downey Jr. e Jude Law possuem química. Cumberbatch e Freeman idem. Mas aqui na série, o Sherlock Holmes de Henry-Lloyd-Hughes e o Dr. Watson de Roy Pierreson são completamente desinteressantes e apáticos. A amizade entre eles é fria, distante, e está longe de causar empatia. Principalmente Dr. Watson que ganha uma representação por vezes vilanesca.
Disponível na Netflix, “Os Irregulares de Baker Street” possuí oito episódios de 1 hora cada.
The Irregulars/EUA – 2021
Número de episódios: 08
Com: Thaddea Graham, Jojo Macari, McKell David…