Crítica: Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes (2024) – Netflix

Eu gosto muito de “Watchmen” e “O Homem de Aço” mas depois não sei o que aconteceu com Zack Snyder. Ou talvez não aconteceu, mas tudo é simplesmente o jeito como Snyder gosta de fazer as coisas, e os meus dois exemplos acima foram dois acertos de uma carreira pautada no visual e muito menos na substância.

Mas ser um diretor sem substância nunca impediu que outros nomes entregassem obras divertidíssimas e memoráveis – assim como o próprio Snyder já o fez. E ele é um cara apaixonado pelo que faz e se entrega de corpo e alma à sua visão. Depois que deixou a parceria com a Warner Bros. e foi abraçado pela Netflix, ele teve total liberdade para criar seus projetos da maneira como bem quisesse. O resultado? Entregou seu pior filme com “Army of the Dead” e dois fraquíssimos “Rebel Moon”, que antes era uma ideia sua para Star Wars mas foi recusada pela Lucasfilm.

Não quis falar sobre o primeiro “Rebel Moon” ano passado pois estava aguardando esta parte 2. Já lançada, o que podemos concluir é como Snyder está se divertindo na produção do filme à partir de um roteiro que não se preocupa minimamente com o básico de uma narrativa coesa. E até mesmo o básico ele consegue utilizar de um jeito mal colocado na trama e nitidamente forçado – como, por exemplo, um momento onde vários personagens sentam em uma mesa para comer, e todos começam a contar sua história de vida. Uma cena cafona, mal dirigida e escrita criada para nos fazer se identificar com cada personagem antes da guerra, mas tudo tão engessado e com cara de desculpa por não conseguir desenvolver cada um deles ao longo da narrativa.

Em filmes como “300”, “Watchmen” e “Homem de Aço”, por exemplo, existia em Snyder um certo requinte visual que o tornava um ótimo elaborador de cenas. Era tudo bem charmoso e bem colocado. Já em seus últimos filmes o visual está feio, com cores apagadas e uma ação que apesar de ok, soa burocrática e repetitiva. Juntando a isto o roteiro já previsível e sem nenhum tipo de personalidade – assim como seus personagens – é inegável alegar que “Rebel Moon” é uma cópia visível de Star Wars mesclada com outras obras como “Os Sete Samurais”, “Blade Runner”, etc.

Tanto o primeiro quanto este segundo “Rebel Moon” são os piores filmes já feitos? Claro que não! Principalmente para quem ama obras deste estilo, em algum dia de marasmo sem nada para fazer em um domingo a tarde elas podem divertir. Mas não são filmes bons e Snyder precisa praticar melhor o desenvolvimento de personagens e dramas com filmes menores, e entender que, apesar da ação ser importante, ela só funciona quando temos personagens interessantes para torcer ou odiar. Aqui, nem os vilões despertam interesse algum. E ainda estes dois filmes é um prólogo desnecessariamente gigante para algo ainda mais importante em um possível terceiro filme. Por favor Snyder, tenha piedade!

Rebel Moon: Part 2 – The Scargiver/EUA – 2024

Dirigido por: Zack Snyder

Com: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Ed Skrein, Michiel Huisman, Anthony Hopkins…