Crítica: Red – Crescer É Uma Fera (2022) | Especial Pixar
Longa-metragem foi dirigido por Domee Shi
Crescer não é fácil. E independente das condições financeiras, e a localização da pessoa, todos nós passamos ou passaremos pela puberdade, um período onde o corpo muda, sentimentos se afloram e desejos carnais se tornam algo presente, e inevitável, para a vida toda. Já o processo de descobrimento e reação a estas mudanças são particulares de cada indivíduo. Em “Red – Crescer É Uma Fera”, a garota de 13 anos autodeclarada independente e adulta, Mei, está entrando nesta fase de garotos, inseguranças e descobertas, ao mesmo tempo em que lida com a autoproteção de uma mãe rígida e organizada. Mas a família de Mei guarda um segredo curioso: nesta fase, quando sentimentos exarcebados são demonstrados, ela se transforma em um panda vermelho gigante.
Dirigido por Domee Shi (primeira mulher a dirigir sozinha um filme da Pixar), e que havia dirigido um curta gracioso chamado “Bao”, que também lidava com crescimento e puberdade, em “Red” temos uma expansão maior desta temática e uma inclusão visualmente clara, e divertida, das transformações hormonais no corpo de uma menina. Transformações que afetam não apenas o físico, mas sentimentos e o se achar responsável e dona de seu nariz. O roteiro acompanha a perspectiva de uma criança, e por isto assume uma condução sempre energética e efervecente com uma protagonista extremamente entrosada e extrovertida, mas que também carrega inseguranças com relação ao corpo, aparência e aceitação daqueles que a ama.
“Red” é também um filme sobre mãe e filha, e um relacionamento que de tão correto se torna automático e carregado de medo. Mei tem medo de decepcionar sua mãe Ming (Sandra Oh) e de não atingir suas expectativas, e diante disto, Mei não compartilha seus sonhos, gostos e preferências com receio de como será sua reação. Enquanto lá fora é uma menina animada e comunicativa, dentro de casa ela se fecha e não está completamente à vontade. Mas Ming é uma personagem multifacetada, também cheia de inseguranças e medos, e cujos motivos são reflexo do seu relacionamento problemático com a própria mãe.
Meu problema com o filme é o final que tira todo o potencial dramático que poderia alcançar. Ao abraçar um clímax desnecessariamente grandioso e pirotécnico demais (quem curte anime vai entender as referências estéticas), o filme não suaviza e apressa o desfecho de uma história que precisava de um tratamento mais intimista e pessoal (algo como em “Viva – A Vida É Uma Festa” ou “Soul”, por exemplo). Ritual, pandas kaijus e escolhas que ainda divertidas visualmente para o público infantil (principalmente), prejudicam aquele potencial Pixar para emocionar o público.
Mas “Red – Crescer É Uma Fera” possui méritos, e apesar do problemático desfecho, é um filme que capta a loucura da adolescência com energia contagiante e diversão – além de adotar um visual e estilo de humor que se diferenciam do padrão habitual Pixar. É interessante e cheio de frescor, e traz um familiaridade com nossos tempos lúdicos de adolescentes.
Turning Red/EUA – 2022
Dirigido por: Domee Shi
Vozes no original: Rosalie Chiang, Sandra Oh, Ava Morse…
Sinopse: Em Red: Crescer É uma Fera, quando uma adolescente fica muito nervosa, ela se transforma em um grande panda vermelho. O longa aborda dessa forma, a jornada de amadurecimento da personagem, suas inseguranças dessa fase onde, a personagem principal está dividida entre a filha que sempre foi e sua nova personalidade, intensificada por todos os sentimentos conflitantes que a adolescência provoca. Além do caos gerado por todas as mudanças em seus interesses, relacionamentos e corpo, sempre que a garota fica muito agitada ou estressada, ela vira um panda vermelho gigante, – o que com certeza, só gera mais problemas para a jovem – sendo uma metáfora para todas as vezes que, constrangidos pelos novos desafios que se apresentam em nossas vidas, as inseguranças só se agigantam.