Cinema

Crítica: Titanic (1997) – Especial 25 anos

Longa-metragem foi relançado em 3D nos cinemas em comemoração ao seu aniversário de 25 anos

(Foto: 20th Century Studios)

Hoje em dia é fácil um filme chegar na bilheteria do bilhão. As transformações na tecnologia (3D, 4D, IMAX…) e o aumento considerável do preço do ingresso ajudam bastante as super produções alcançarem tal patamar. Mas quando “Titanic” saiu, lá em 1997, 25 anos atrás, nunca um filme conseguiu quebrar tamanha barreira. A obra-prima de James Cameron arrecadou 2 BILHÕES sem o auxílio das novas tecnologias que encarecem os valores das salas de cinema. Foi puramente no formato película ajudado por uma ótima campanha de marketing que o longa abraçou o triunfo. O longa ficou no topo até 2009 – 12 anos em primeiro lugar – quando foi superado pelo próprio Cameorn com “Avatar”.

Titanic is 20, but I just saw it for the first time. It blew my mind. - Vox
Foto: Reprodução/WaltDisney

“Titanic” não traz em seu roteiro uma trama original. Mas quem disse que para um filme ser bom, é necessário ser original? Muito pelo contrário. O êxito de um filme consiste na competência narrativa, junto com os demais aspectos técnicos necessários. É a jornada. É a experiência como um todo. E James Cameron sabe como ninguém pegar clichês e transformá-los em espetáculos visualmente extraordinários e emocionalmente tocantes. “Titanic” é um exemplo perfeito disso. Um romance de época impossível que fala sobre divisão de classes e o contraste tão forte destes dois mundos no início do século XX, porém, ao invés de se passar na terra, a trama acontece em um navio. E junto a isto, temos a tragédia real para dar fôlego e tensão ao amor indômito de Jack (DiCaprio) e Rose (Kate Winslet).

O trágico acidente com o navio RMS TITANIC – que era chamado de “o navio que nem Deus é capaz de afundar” – é usado como elemento catártico para a trama fictícia de Jack e Rose, mas, ao mesmo tempo, serve como reconstituição minuciosa, e perfeita, do naufrágio com mais de 1.500 pessoas que ocorreu em 12 de abril de 1912 durante a travessia inaugural da embarcação, que partiu de Southampton em direção a Nova York. Muitas pessoas faleceram atingidas por destroços, outras afogadas ou congeladas após uma longa espera no mar gelado do oceano Atlântico. A reconstituição cinematográfica de Cameron recebeu tanto estudo, detalhes e um trabalho soberbo de direção de arte, efeitos, fotografia e outros elementos técnicos, que nenhum outro filme sobre o ocorrido conseguiu ser tão marcante quanto.

Titanic
Foto: Reprodução/WaltDisney

Como romance, Leonardo DiCaprio e Kate Winslet tornaram-se um dos casais símbolos do cinema hollywoodiano. A química entre ambos é vigorosa, voraz. Cameron constrói cada pilar do amor de Jack e Rose seguindo à risca a cartilha do gênero, mas o faz com tanta paixão, e vontade, que é visível a entrega do diretor à um projeto feito com desejo. Cada momento é um conjunto de elementos que, unidos, trabalham em favor da emoção. “Titanic” é cheio de cenas memoráveis. Efeitos especiais que enchem os olhos até hoje. E tudo isso serve para provar o esmero, e detalhismo, de Cameron com cada segmento.

Tamanho esforço levou os executivos à loucura, já que houve estouro de orçamento – chegou a ultrapassar 200 milhões de dólares -, atraso nas filmagens e Cameron cogitou abrir mão dos lucros do filme para completar o trabalho, algo que foi recusado pelos executivos porque ninguém acreditava que o projeto daria lucros. Tudo caminhava para “Titanic” ser um dos maiores fracassos financeiros do cinema e Cameron ter sua carreira sepultada para sempre. Mas o trabalho foi recompensado. A visão de Cameron permaneceu, o corte final do filme se manteve do jeito que ele quis e “Titanic” não só se tornou a maior bilheteria daquele ano, como também da história do cinema. Foi o primeiro longa-metragem a ultrapassar a barreira do bilhão. Arrematou prêmios no mundo todo e foi o segundo longa-metragem a ganhar 11 estatuetas no Oscar – o anterior tinha sido “Ben-Hur” de 1959.

Houve um tempo em que “Titanic” era febre na televisão, em um período onde não existia baixar filmes ou assistir por streaming. Às vezes, o longa passava três vezes no mesmo ano! A música original cantada por Celine Dion transformou a cantora em um ícone mundial da música, e ficou em primeiro lugar nas paradas de sucesso por meses. Hoje, alguns podem dizer que estão saturados de “My Heart Will Go On” ou do próprio filme devido a tamanha repercussão. Apesar de certo exagero no reaproveitamento do sucesso estrondoso do longa – afinal, indústria é assim -, “Titanic” é uma obra-prima completa. É romance. É drama. É filme de catástrofe. Tem humor. Tensão. É um exemplo perfeito de como se deve fazer cinema e usar a tecnologia, e roteiro, à favor da narrativa. É um clássico incontestável do tipo que nunca será esquecido.

Titanic-EUA

Ano: 1997 – Dirigido por: James Cameron

Elenco: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio, Billy Zane, Frances Fisher, Gloria Stuart…

Sinopse: Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) é um jovem aventureiro que, na mesa de jogo, ganha uma passagem para a primeira viagem do transatlântico Titanic. Trata-se de um luxuoso e imponente navio, anunciado na época como inafundável, que parte para os Estados Unidos. Nele está também Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), a jovem noiva de Caledon Hockley (Billy Zane). Rose está descontente com sua vida, já que sente-se sufocada pelos costumes da elite e não ama Caledon. Entretanto, ela precisa se casar com ele para manter o bom nome da família, que está falida. Um dia, desesperada, Rose ameaça se atirar do Titanic, mas Jack consegue demovê-la da ideia. Pelo ato ele é convidado a jantar na primeira classe, onde começa a se tornar mais próximo de Rose. Logo eles se apaixonam, despertando a fúria de Caledon. A situação fica ainda mais complicada quando o Titanic se choca com um iceberg, provocando algo que ninguém imaginava ser possível: o naufrágio do navio.

Poster Titanic
Foto: Reprodução/WaltDisney)