Crítica: Toy Story 2 (1999) | Especial Pixar
Longa-metragem foi dirigido por John Lasseter, diretor do original
“Toy Story 2” é um filme muito maior em ambições, e muito melhor produzido, do que o seu predecessor lançado em 1995. Geralmente em Hollywood, quando ocorre este aumento de escala na produção, continuações sofrem com um roteiro pouco imaginativo que dão lugar às ambições comerciais do estúdio. Felizmente, a preocupação da Pixar com o roteiro até fizeram “Toy Story 2” ser adiado, e o filme deveria ter sido lançado antes de “Vida de Inseto”, que chegou aos cinemas em 1998.
Mas não foi apenas o roteiro que fez “Toy Story 2” atrasar. A Disney tinha iniciado nos anos 90 um alto investimento em lançamentos para home vídeo, naquela época as fitas VHS, portanto, todo grande sucesso nos cinemas ganhava continuações menores para o mercado de locadora – por isso que temos “O Rei Leão 2 e 3”, “A Pequena Sereia 2”, “Mulan 2” e por ai vai. Diante disto, a Disney estava exigindo que a Pixar lançasse a continuação de “Toy Story” direto neste formato, mas Steve Jobs, John Lasseter, Ed Catmull e os animadores da casa não aceitaram tal requerimento. Primeiro: as continuações para VHS da Disney eram narrativamente, e esteticamente, inferiores aos originais, e “Toy Story 2” não seguia esta linha de pensamento. O filme era mais caro, e melhor trabalhado do que o anterior. Segundo: lançar um filme tão caro direto para home vídeo poderia desmotivar a equipe da empresa, portanto, a Pixar estava disposta a lutar por um lançamento nos cinemas – custe o que custar.
E a equipe de “Toy Story 2” teve outro grande susto durante sua produção. Com o filme quase todo finalizado, a equipe estava usando computadores Linux e UNIX para salvar o material trabalhado, e nestas máquinas tinha um comando chamado ‘rmstar’ que retira tudo do sistema o mais rápido possível. Um dos funcionários, sem querer, ativou o comando ‘rmstar’ e todo o conteúdo de “Toy Story 2” começou a desaparecer. Rapidamente desligaram os computadores da tomada, e quando religaram, grande parte do filme já tinha sido excluída. Um trabalho de anos todo deletado em apenas 20 segundos. Os backups de segurança também estavam ruins, e não foi possível recuperar o material perdido. O que fazer agora? Para a surpresa de todos, uma funcionária chamada Galyn Susman tinha ganhado bebê recentemente e levou para sua casa uma cópia do projeto para que pudesse ficar com as crianças, mas continuar trabalhando na animação do filme. Se não fosse por Susman e suas crias, não existiria “Toy Story 2”.
Com uma trama mais completa, abrangente e expandida dos personagens principais (Woody e Buzz Lightyear), “Toy Story 2” alcança uma completude emocional, e narrativa, surpreendente e pouco vista em continuações. As mensagens sobre amizade, respeito e família continuam, mas aqui somo levados à uma jornada não apenas divertida, frenética e empolgante, mas emocionalmente profunda e tocante. Novos personagens são adicionados e eles complementam a história de Woody.
John Lasseter retorna como diretor e nos entrega uma continuação redonda, completa e memorável. “Toy Story 2” poderia ser apenas um mero pretexto comercial para aumentar a linha de brinquedos nas lojas. Mas não! O filme prova que se pode ter uma propriedade intelectual comercialmente viável, mas sem deixar de priorizar um excelente roteiro. Outro acerto da Pixar! Outra obra-prima!
Toy Story 2/EUA – 1999
Dirigido por: John Lasseter
Disponível para assistir: DISNEY+
Com vozes no original de: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Don Rickles…
Sinopse: Em Toy Story 2, Woody (Tom Hanks) tenta salvar um brinquedo que acaba indo parar num bazar de usados e termina por ser sequestrado por um colecionador de brinquedos, que pretende vendê-lo a um museu japonês. Na casa do sequestrador, descobre que foi o protagonista de um famoso seriado da TV de décadas atrás e conhece os demais integrantes de sua coleção. Enquanto isso, os demais brinquedos, liderador por Buzz Lightyear (Tim Allen), partem numa atrapalhada operação de resgate.