Crítica: Up – Altas Aventuras (2009) | Especial Pixar
Longa-metragem foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e ganhou o prêmio de Melhor Animação e Trilha Sonora
“Up – Altas Aventuras”, até hoje, é uma das experiências dentro de uma sala de cinema mais inesquecíveis que já tive. No início já estava destruído por dentro, chorando de soluçar, e me lembro como se fosse hoje dos óculos 3D embaçados por cima dos meus óculos de grau – também embaçados -, o nariz escorrendo e a sensação de estar sozinho na sala e sendo testemunha da trajetória de vida do casal Carl e Elle – e as inevitabilidades dos anos, como também os momentos importantes construídos ao longo deles.
Aliás, apesar de todo o clima de aventura e ficção presente na narrativa, acima de tudo “Up” é uma história sobre seguir em frente e construir momentos singelos ao lado de pessoas importantes. Muitas vezes buscamos o grandioso, mas o simples pode ser o essencial que muitas vezes não é valorizado, ou investido.
Dirigido por Pete Docter (de “Monstros S.A”), “Up – Altas Aventuras” é uma mescla interessante de aventura, drama e ficção ao apostar em elementos que remetem muito a clássicos escritos por Julio Verne. Apesar de causar uma estranheza inicial os cachorros falando por causa de uma coleira especial que possibilita a tradução dos seus… (pensamentos? latidos?), o longa alcança muito êxito ao desenvolver o emocional de seus personagens e conseguir criar motivações altamente identificáveis para a plateia. Isso tudo ajuda a tornar a própria parte da aventura bem mais atraente e divertida.
E o drama de “Up” é tão memorável porque além de lidar com temas que envolvem relações e sonhos, o filme é estrelado por personagens geralmente renegados ao papel de coadjuvantes no cinema – principalmente em obras de aventura. Temos aqui um idoso e um garoto gordinho que vivenciam experiências que trazem à tona sensações de abandono, mas que juntos, vão se unir para ajudar um ao outro.
O que mais me incomoda em “Up”, confesso, é realmente o uso forçado dos cachorros falantes, com eles pilotando aviões ou sentados jogando cartas. Mas também precisa ter o lúdico e é um filme para crianças também, então entendo o objetivo de tais cenas e no saldo geral não prejudica o drama nem tira os méritos da aventura.
A experiência que tive ao assistir “Up – Altas Aventuras” no cinema pela primeira vez, ou das outras quatro vezes, ou das outras tantas revisões que fiz ao longo destes anos em casa, é algo único e inesquecível. É um desses filmes que possui lugar cativo no coração – e em se tratando de Pixar isso não é novidade.
Up/EUA – 2009
Dirigido por: Pete Docter
Vozes no original: Edward Asner, Christopher Plummer, Jordan Nagai, Bob Peterson…
Sinopse: Carl Fredricksen (Edward Asner) é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. O terreno onde a casa fica localizada interessa a um empresário, que deseja construir no local um edifício. Após um incidente em que acerta um homem com sua bengala, Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo. Para evitar que isto aconteça, ele enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante vôo. O objetivo de Carl é viajar para uma floresta na América do Sul, um local onde ele e Ellie sempre desejaram morar. Só que, após o início da aventura, ele descobre que seu pior pesadelo embarcou junto: Russell (Jordan Nagai), um menino de 8 anos.