Crítica: Velozes e Furiosos 10 (2023)

Sempre fui um defensor da galhofa bem feita e honesta, e “Velozes e Furiosos” sempre foi um galhofa desde o seu início humilde com corridas de carro nas ruas de Los Angeles ou Tóquio e, principalmente, quando a franquia abraçou o exagero com tramas de assalto ao redor do mundo. Sou do time que prefere quando tudo ficou exagerado e a cada filme tínhamos aquele fiapo de história embalado com cenas de ação empolgantes e bem criativas, e que não tinha medo de assumir o ridículo da diversão. Mas tudo tem o seu prazo de validade, e após enviar um carro com dois personagens para o espaço no longa anterior, “Velozes e Furiosos” definitivamente já não sabe mais para onde ir – o próximo passo vai ser assumir o multiverso e colocar a família Toretto lutando ao lado dos Transformers (não duvide de Hollywood!).

Em “Velozes e Furiosos 10” temos mais um fiapo de história que agora apresenta outra vilão (Jason Momoa, irresistivelmente caricato e insano) afetado pelas ações de Toretto e companhia lá no Rio de Janeiro – ligação com “Velozes e Furiosos 5: Operação Rio” -, e que se coloca como aquele que irá acabar com tudo de uma vez por todas.

O novo longa se vende como o início do fim, mas como acreditar em uma franquia que constantemente mata os seus personagens mas filmes depois os trazem de volta sem a menor cerimônia com justificativas pra lá de forçadas? E recentemente o próprio Vin Diesel disse que o plano inicial era criar um final para a série com dois filmes (até Velozes 11), mas o estúdio pediu para estender o fim em uma trilogia (até Velozes 12), ou seja, não dá pra confiar nas consequências da história e a partir do momento que a morte se torna algo banal – ainda que seja em um filme exagerado como aqui -, a própria ação já não leva a mesma tensão e o apego emocional com os personagens se dilui completamente, pois sabemos que nada de grave vai acontecer, eles sempre voltarão (um problema em filmes de super-herói também).

E “Velozes e Furiosos 10” já mostra um desgaste da própria fórmula de exageros. Após arrastar um cofre gigante pelas ruas do Rio, usar um tanque de guerra em Londres, transformar carros em “zumbis” controlados remotamente, utilizar um submarino nuclear, pular de uma montanha para a outra com o carro preso em uma única corda e, como já dito, ejetar um carro no espaço, neste “Velozes 10” nenhuma cena de ação consegue causar a mesma surpresa e tudo soa como uma repetição pálida do que já foi feito no passado.

E o roteiro é chato, arrastado e nada do que acontece parece ter alguma importâcia ou peso emocional, já que a morte se tornou, como falei, algo banal. Personagens novos são introduzidos mas nenhum empolga (exceto por Momoa como o vilão), e quando algo de “grave” acontece com algum deles, não acreditamos.

A franquia sempre foi repetitiva em sua essência, mas ao menos a criatividade da ação justificava o investimento (“Velozes 5” e “Velozes 7” são para mim o ponto alto da saga). Mas aqui, infelizmente, nem isto está compensando mais – e imaginar que vão arrastar este desfecho por mais dois filmes… Enfim, já passou da hora de acabar.

Fast X/EUA – 2023

Dirigido por: Louis Leterrier

Com: Vin Diesel, Jason Momoa, Michelle Rodriguez, Ludacris, Jason Statham, Tyrese Gibson, Alan Ritchson, Brie Larson, Helen Mirren, Rita Moreno, Charlize Theron…

Sinopse: No décimo filme da série Velozes & Furiosos e último da nova trilogia (Velozes 8, 9 e 10), ao longo de muitas missões e contra probabilidades que pareciam impossíveis, Dom Toretto (Vin Diesel) e sua família foram mais espertos e superaram todos os inimigos em seu caminho. Agora, eles devem desafiar o adversário mais letal que já enfrentaram. Alimentada pela vingança, uma ameaça terrível emerge das sombras do passado na forma de Dante (Jason Momoa), para destruir o mundo de Toretto e destruir tudo – e todos – que ele ama. Ele então, comandando novamente a equipe de corredores mais conhecida do mundo, encara mais uma difícil missão sobre quatro rodas. O fim da estrada começa e Velozes & Furiosos 10 lança os capítulos finais de uma das franquias globais mais famosas e populares do cinema, agora em sua terceira década e ainda forte com o mesmo elenco e personagens centrais de quando começou.