Crítica: Viva – A Vida É Uma Festa (2017) | Especial Pixar
Longa-metragem ganhou o Oscar de Melhor Animação e Melhor Canção Original (para "Remember Me")
“Viva – A Vida É Uma Festa” é aquela Pixar com a qual crescemos juntos. A Pixar dos projetos originais. A Pixar do coração. A Pixar que deixa de lado toda e qualquer intenção meramente mercadológica para nos levar a um mundo novo e singular. O último grande projeto digno de aplausos do estúdio foi o excepcional “Divertida Mente” em 2015, e agora também este “Viva”.
Dirigido por Lee Unkrich – diretor responsável por aquela cachoeira de emoções que é “Toy Story 3” – “Viva” nos transporta para o mundo da cultura mexicana para criar um filme que fala sobre saudade. O Dia dos Mortos é o cenário de fundo para contar a história de Miguel, um garoto apaixonado por música mas que é reprimido pela família que por algum motivo baniu há muito tempo a prática dentro de casa. No Dia dos Mortos, após roubar o violão de um falecido grande cantor, Miguel vai parar no mundo dos mortos e precisa da ajuda dos falecidos membros de sua família para voltar para casa.
A trama soa um tanto quanto macabra lendo por alto, mas a Pixar lida com maestria com toda a temática espiritual acerca da cultura mexicana e de todo o universo apresentado. O principal interesse do roteiro de Lee Unkrich, Jason Katz, Matthew Aldrich e Adrian Molina (co-diretor) é justamente ensinar ao público a importância de nunca esquecer, de nunca abandonar quem amamos e valorizar todos os momentos juntos – uma tarefa difícil principalmente em um mundo concentrado com avidez nas telas de celulares e tablets. Valorizar tais momentos tem se perdido como lágrimas na chuva, mas Unkrich faz questão de ressaltar como são importantes, e essenciais, em nossa formação como seres humanos.
Li diversos comentários em sites e no Youtube sobre as semelhanças com outra animação chamada “Festa no Céu”, que também utiliza o mote do feriado do Dia dos Mortos como pano de fundo. Mas as semelhanças param por aí. Podem até existir outras similaridades em relação a cenários, mas o interesse dos personagens de “Viva” são outros, e o tema principal, bem como seu desenvolvimento narrativo, foge daqueles apresentados pelo longa produzido por Guillermo Del Toro em 2014. Ambos são ótimos, possuem qualidades singulares e conseguem ter êxitos igualmente dignos de nota.
“Viva – A Vida É Uma Festa” também entra no hall dos filmes emotivos da Pixar. Aqueles que falam tão profundamente ao nosso coração que é impossível não se emocionar. Unkrich já havia realizado algo com maior intensidade em “Toy Story 3” – o mais tocante de toda a trilogia dos brinquedos -, e com “Viva” ele alcança novamente o feito ao criar cenas delicadas e emocionantes.
E “Viva” se destaca por utilizar a cultura mexicana não como justificativa ianque para enaltecer como os EUA precisa valorizar diferentes culturas. A mensagem, claro, existe, mas a cultura do México é usada como parte integrante do texto. Ela é daquele jeito, os personagens são mexicanos e o roteiro não quer entendê-la, muito menos estereotipá-la, pelo contrário, ele deseja apenas mostrá-la tal qual ela é. Simples assim.
“Viva – A Vida É Uma Festa” é um programa obrigatório para se ver com a família. Um ensinamento divertido para as crianças que irão aprender a importância de amar os familiares, mas também, uma mensagem poderosa aos mais velhos que serão lembrados de nunca esquecer de quem se ama.
Coco/EUA – 2017
Dirigido por: Lee Unkrich
Vozes no original: Anthony Gonzalez. Gael Garcia Bernal, Benjamin Bratt…
Sinopse: Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.