Crítica: ‘Wicked’ (2024) com Cynthia Erivo e Ariana Grande
Longa-metragem é baseado em uma peça musical da Broadway
Infelizmente, nunca consegui assistir ao musical da Broadway “Wicked”, que é baseado em um livro escrito por Gregory Maguire e publicado originalmente em 1995. A trama se passa antes dos acontecimentos de “O Mágico de Oz” e é focada no desenvolvimento de como a clássica vila conhecida como A Bruxa Má do Oeste se tornou alguém mal e desprezível. Em uma época onde temos obras que buscam contar a origem de vilões como “Coringa”, “Cruella”, “Venom” e por aí vai, “Wicked” já fez isso lá no meio da década de 90 quando o livro foi publicado. E a obra se consolidou no imaginário popular – principalmente nos EUA – quando foi adaptada em 2003 para um musical da Broadway originalmente estrelado por Idina Menzel e Kristin Chenoweth.
Para quem apenas viu algumas cenas filmadas da peça teatral mas conhece toda a história através de amigos apaixonados pela obra, o filme “Wicked”, sem dúvidas, vai ganhar o coração dos fãs fervorosos do musical e vai ser um sucesso imenso nos cinemas. O longa dirigido por Jon M. Chu constrói com cuidado e sem pressa todos os elementos essenciais da trama, e adapta os números musicais com aquela energia cinematográfica necessária para tornar um musical empolgante de assistir. Nada aqui soa como uma peça de teatro filmada, e sim, um filme grandioso com coreografias minuciosamente bem realizadas e um elenco ótimo com vozes poderosas (principalmente a dupla protagonista).
Cynthia Erivo como Elphaba (e que mais tarde se torna a Bruxa Má do Oeste) é de uma potência vocal invejável, e a atriz também esbanja muita simpatia como nossa heróina e futura vilã. Ariana Grande também entrega um trabalho vocal primoroso como Glinda, que mais tarde se torna a Bruxa Boa do Sul, e possui um timing cômico sutil e sob medida que tornam sua personagem mais divertida e interessante do que poderia ser.
Mas ainda que “Wicked” seja uma ótima adaptação de seu material original, não é um musical que me empolga tanto assim. Explico: o filme foi dividido em duas partes, e acredito que a segunda (que será lançada em 2025) será melhor e mais interessante de assistir pois a história entra, de fato, no conflito central da narrativa e na jornada de transformação da protagonista. Já este primeiro filme é muito focado na construção de suas personagens naquele habitual cenário de colegial, e confesso que não aguento mais histórias de bullying no colégio, triângulo amoroso, etc, etc, etc. Me parece aqueles filmes do Disney Channel com algumas musicais boas e outras totalmente esquecíveis.
Entendo que “Wicked” aborde temas importantes como preconceito e em como tais atitudes afetam as pessoas e o mundo ao nosso redor, e fico feliz que tenha conquistado tanta gente. Agora, quando a história saí do colégio e vai para a Cidade das Esmeraldas de Oz, o filme ganha outra vida e a trama muda totalmente de ritmo tornando-se realmente interessante. E quando a coisa aperta o diretor Jon M. Chu encerra o filme no momento certo (igual no fim do Ato 1 da peça), e com a música certa para deixar a plateia querendo mais no ano que vem.
Enfim, ao menos para mim, “Wicked – Parte 1” é eficiente em sua proposta e adaptação, ainda que esta proposta não seja algo que me empolga tanto hoje em dia. Mas vai deixar os fãs do musical felizes, e conquistar novo público. O cinema agradece!
Wicked/EUA – 2024
Dirigido por: Jon M. Chu
Com: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Jonathan Bailey, Peter Dinklage…