Dr. Fantástico (1964) | Relembrando Clássicos
Longa-metragem foi dirigido por Stanley Kubrick e indicado a 4 Oscars
Muitos lembram de Stanley Kubrick por “2001: Uma Odisséia no Espaço”, “Laranja Mecânica” e “O Iluminado”, por exemplo, mas o diretor também já embarcou na comédia com “Dr. Fantástico”, baseado no livro “Red Alert” de Peter George. Na realidade, o filme era para ser um drama sobre as ameaças nucleares durante a Guerra Fria, mas que aos poucos foi se transformando em uma sátira sobre os absurdos da guerra, a alienação causada por ela em prol de interesses de poderosos e como o jogo político são homens brincando com fogo sem se importarem com as consequências de suas atitudes.
Na trama, um general norte-americano acredita piamente que os soviéticos estão sabotando os reservatórios de água dos EUA e decide aprovar um ataque com bombas em terras inimigas, e articula um plano para cortar as comunicações e impedir que a burocracia do auto-escalão impessa o ataque. Na tentativa de encontrar uma solução, o presidente dos EUA se reúne com os chefes de estado na sala de guerra para tentar impedir a eclosão de uma terceira guerra mundial.
Kubrick chamou Peter Sellers para interpretar três diferentes personagens com personalidades completamente diferentes. E Sellers brilha em todos eles, seja como um oficial que tenta descobrir os códigos de guerra para impedir o ataque, mas que fica preso dentro da sala do general junto com ele; ou como um cordial e diplomático presidente dos EUA ou como o chefe do departamento de armas Dr. Strangelove (ainda com uma devoção nazista às vezes difícil de controlar).
“Dr. Fantástico” não possui um humor pastelão mas a todo momento a ironia está presente em cada conversa da história. O clássico momento em que o presidente dos EUA chama a atenção de dois sujeitos que estão brigando na sala de guerra e diz “Vocês não podem brigar aqui! Isto é a sala de guerra!” é de uma ambiguidade, sutileza e genilidade que estão presentes em diversos outros momentos. Depois procure o nome dos personagens que vários terão duplo sentido – e é hilário.
“Dr. Fantástico” ridiculariza a guerra e questiona através da sátira o comportamento humano e suas intenções em criar tais conflitos. Mas ao mesmo tempo, também nos coloca para pensar na bobagem das guerras e na matança de outras pessoas para defender uma ideologia, ou um desejo de superioridade. Nada mais atual, não é mesmo?
Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb/EUA – 1964
Dirigido por: Stanley Kubrick
Com: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Heyden, Peter Bull…
Sinopse: Um general americano acredita que os soviéticos estão sabotando os reservatórios de água dos Estados Unidos e resolve fazer um ataque anticomunista, bombardeando a União Soviética para se livrar dos “vermelhos”. Com as comunicações interrompidas, ele é o único que possui os códigos para parar as bombas e evitar o que provavelmente seria o início da Terceira Guerra Mundial.