O Silêncio dos Inocentes (1991) | Relembrando Clássicos
Longa-metragem ganhou 5 Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor
Estreava em 1991 aquele que, surpreendendo a muitos, se tornaria uma das maiores bilheterias de seu ano, e o terceiro longa em toda a história do Oscar a ganhar nas cinco categorias principais (Melhor Filme, Ator, Atriz, Direção e Roteiro). E surpresos não pela qualidade da obra, mas pelo grande reconhecimento para com um projeto fora dos padrões da Academia que possui histórico de raramente prestigiar filmes de suspense.
Lançado em 1988, “O Silêncio dos Inocentes” é o segundo livro de um trilogia escrita por Thomas Harris – antes deste, anos mais tarde, lançou um epílogo contando a origem de Hannibal -, e nos cinemas o longa foi a segunda adaptação de um dos livros de Harris. Anos antes, em 1986, o diretor Michael Mann levou o primeiro livro – “Dragão Vermelho” (1981) – aos cinemas com Brian Cox no papel de Hannibal Lecter. Ainda que competente e envolvente, o projeto passou batido e pouco conquistou a plateia na época, e nem se equivale ao sucesso, e prestígio, obtido pela adaptação que colocou Anthony Hopkins na mente do imaginário popular como Hannibal e Jodie Foster como a policial investigativa Clarice.
Talvez hoje, para uma plateia energética e apressada, filmes como “O Silêncio dos Inocentes” soe cansativo e lento. Infelizmente. Mas não se engane, a trajetória catártica trabalhada pelo roteiro magistral de Ted Tally nos coloca em uma encruzilhada de mistérios e segredos, e Hannibal como o mentor desta jornada. Aqui, o assassino canibal está preso e é chamado para ajudar uma jovem policial, Clarice (Foster), na investigação de um serial killer que tem matado mulheres e retirado suas peles.
As frequentes visitas de Clarice à Hannibal tornam-se alguns dos momentos mais excitantes da obra. Não apenas por Hannibal demonstrar talento analítico de como funciona a mente de um serial killer, mas, principalmente, por exercer um magnetismo hipnotizante tanto na própria personagem Clarice, quanto no expectador – tudo graças à atuação repleta de nuances de Anthony Hopkins. Um dos detalhes utilizados pelo ator foi nunca piscar enquanto estiver falando. A escolha, de acordo com o próprio Hopkins, colabora para a construção de um ambiente angustiante e incômodo, além de colaborar para um aspecto psicótico e ameaçador do personagem (mesma tática utilizada, por exemplo, por Jonathan Groff como Rei George III em “Hamilton”).
Do outro lado temos Clarice Starling, a jovem, inocente e inexperiente policial que ganha todo o carinho, e atenção de Hannibal. Clarice é a visão do expectador em cena. É profissional, competente e colocada diante de um mundo tenebroso, desconhecido e composto por seres ruins que não temem a violência.
A direção de Jonathan Demme é detalhista, sem pressa ou floreios, mas objetiva nos momentos certos, assombrosa quando necessário e passiva quando se precisa sentir o ambiente, a situação. “O Silêncio dos Inocentes” é um desses filmes completos, memoráveis, com cada peça colocada no lugar certos e todas trabalhando com excelência.
The Silence of the Lambs/EUA – 1991
Dirigido por: Jonathan Demme
Com: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Scott Glenn…
Sinopse: A agente do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster) é ordenada a encontrar um assassino que arranca a pele de suas vítimas. Para entender como ele pensa, ela procura o periogoso psicopata, Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), encarcerado sob a acusação de canibalismo.