Tim Burton diz que cogitou se aposentar após experiência traumática dirigindo ‘Dumbo’ para a Disney

A Disney fez muito por Tim Burton, desde oferecer a ele um estágio em animação após sua graduação na CalArts até produzir seu primeiro curta-metragem live-action “Frankenweenie” (assim como a versão animada do longa), mas sua experiência fazendo “Dumbo” para a Casa do Mickey foi tudo menos mágica. Em uma entrevista recente à Variety, Burton compartilhou que a circunstância era tão terrível que ele até considerou se aposentar após seu lançamento. No entanto, seu trabalho na série da Netflix “Wandinha” e na próxima sequência “Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice” o ajudaram a encontrar seu amor pela arte novamente.

“Sinceramente, depois de ‘Dumbo’, eu realmente não sabia. Eu pensei que poderia ter sido isso, realmente. Eu poderia ter me aposentado, ou me tornado… bem, eu não teria me tornado um animador novamente, acabou. (Risos) Mas isso me reenergizou”, disse Burton sobre trabalhar em “Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice, Beetlejuice”. “Muitas vezes, quando você entra em Hollywood, você tenta ser responsável pelo que está fazendo com o orçamento e tudo mais, mas às vezes você pode se perder um pouco. Isso reforçou o sentimento para mim de que é importante que eu faça o que eu quero fazer, porque então todos se beneficiarão.”

TRABALHANDO COM GRANDE ESTÚDIOS

No início da entrevista, Burton refletiu sobre seu relacionamento com os estúdios como um todo, descrevendo o empurra e puxa que é típico no que diz respeito a convencer os executivos de que seu dinheiro está sendo usado com sabedoria.

“Nunca senti que estava usando mal os fundos da empresa com os estúdios, se é que você me entende. Mas também parecia meio puro porque eu não era realmente um cineasta de verdade, então eu só fazia coisas que eu sentia que eram eu”, disse Burton. “Parecia que era por isso que eles me queriam. Sempre foi uma luta engraçada, esse tipo de coisa em que eles querem você, mas não querem você. Mas no começo, eu não acho, e ainda hoje até certo ponto, eles realmente não sabem o que estou fazendo, então eles não podem realmente comentar sobre isso.”

Falando sobre a Disney especificamente, Burton lembrou como, enquanto ele era um animador e designer na década de 1980, o estúdio passou por “talvez três regimes diferentes”. Isso efetivamente criaria uma nova empresa cada vez que novos chefes chegassem e, portanto, embora ele se sentisse preso a ela de muitas maneiras, era difícil lidar com as mudanças constantes.

“Voltando aos anos 80, você tinha o prédio de animação que era todo projetado para artistas. Em 1986, eu era o último artista lá porque todos os artistas foram expulsos e colocados em um depósito em Glendale e tudo foi tomado pelos executivos”, disse Burton à Variety. “Eu vi essa transição das coisas há muito tempo. E agora, são franquias maiores, menos coisas pequenas. Eu não gosto, mas é o que é.”

“Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice” estreia nos cinemas brasileiros em 05 de setembro deste ano.