194 policiais viraram réus por tortura no Brasil desde 2017, cinco em Goiás
Levantamento realizado pelo jornal O Globo, e divulgado neste domingo (26), revela que um policial…
Levantamento realizado pelo jornal O Globo, e divulgado neste domingo (26), revela que um policial virou réu por tortura a cada dez dias, nos últimos cinco anos, no Brasil. Ao todo, são 194. Cinco deles, em Goiás. O estado que mais tem agentes da Segurança Pública como réus em processos desta natureza é o Ceará (37).
Além do Ceará, outros 23 estados estão no ranking. São eles: Rio de Janeiro (30), São Paulo (16), Minas Gerais (12), Roraima (8), Alagoas (8), Mato Grosso do Sul (8), Pará (8), Amazonas (7), Acre (7), Rondônia (6), Amapá (6), Goiás (5), Maranhão (5), Paraíba (4), Rio Grande do Sul (4), Bahia (3), Paraná (3), Distrito Federal (3), Mato Grosso (3), Santa Catarina (3), Rio Grande do Norte (3), Tocantins (2), Piauí (2) e Pernambuco (1).
O levantamento foi feito com base em diários do Tribunal de Justiça de todo o país. São 134 réus da polícia militar, 36 da polícia civil e 24 da polícia penal.
Métodos usados por réus policiais
O estudo também dividiu os processos com base do suposto método de tortura adotado: foram 98 casos de espancamento, 37 de sufocamento com uso de saco ou pano, 22 de violência sexual, 18 relacionados a golpes com objetivos (como fuzil, cassetete ou chicote), 17 de afogamento e 14 alusivos a uso de spray de pimenta ou gás lacrimogêneo.
O levantamento contabilizou outras 76 vítimas de tortura pelos policiais em cinco anos — entre elas, presos dentro de penitenciárias e delegacias, um jornalista, um advogado, um político, um idoso, uma criança de 3 anos e até uma grávida que perdeu o bebê por conta das agressões.
Três das vítimas contabilizadas no levantamento morreram durante as sessões de tortura — em casos semelhantes ao de Genivaldo Santos, cujo vídeo se debatendo dentro de uma “câmara de gás” improvisada em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sergipe chocou o país. Como os agentes responsáveis pela abordagem a Genivaldo, em maio passado, não foram denunciados pelo Ministério Público, o caso não faz parte do levantamento.