JUSTIÇA

8 anos da prisão do Tiago Henrique, serial killer de Goiânia – Mais Goiás.doc

O Mais Goiás.doc conversou com familiares de vítimas do serial killer de Goiânia, Thiago Henrique…

O Mais Goiás.doc conversou com familiares de vítimas do serial killer de Goiânia, Thiago Henrique Gomes da Rocha, após 8 anos da sua prisão. A reportagem também entrevistou uma jornalista e delegados que fizeram parte das investigações, um psicanalista e uma psicóloga forense também foram ouvidos. Assista ao material completo no final da reportagem.

Investigação e prisão

Rosana Melo, jornalista investigativa, conta que sempre ia na Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH) para coletar dados. Um certo dia, ela notou um certo padrão nas mortes de algumas mulheres e começou a suspeitar de que havia um matador em série na Capital.

Ao publicar suas matérias com as coincidências de alguns assassinatos, a Polícia Civil começou a investigar essa possibilidade, mas nada havia sido confirmado até então. Apenas quando Ana Lídia Gomes de 14 anos foi morta a tiros em um ponto de ônibus, no dia 2 de agosto de 2014, que as investigações foram intensificadas e uma força-tarefa foi montada para prender Thiago Henrique.

Deusny Silva, delegado responsável pela força-tarefa, revelou à época que, para identificar Thiago, 200 pessoas foram ouvidas, 576 placas de veículos suspeitos analisadas, foram investigadas 50 mil fotografias de infrações de trânsito e mais de 300 horas de câmeras de segurança, que passaram por processos de melhoramento de imagens, foram assistidas.

Após dois meses de buscas e investigações, enfim, Thiago foi preso no dia 14 de outubro de 2014, na avenida Castelo Branco, em Goiânia. Ele foi encaminhado para a DIH, onde confessou todos os crimes.

Após o fim das investigações, ele enfrentou 40 julgamentos por homicídios, foi absolvido de 3 assassinatos e condenado por dois assaltos. Ao todo, o vigilante foi condenado a mais de 600 anos de prisão por 39 crimes. Thiago vive hoje separado de outros presos, no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia.

Familiares das vítimas

Wanessa Oliveira Felipe tinha 22 anos e uma vida cheia de sonhos quando foi assassinada. Mesmo com pouca idade, era muito responsável e dedicada ao seu trabalho. Em 2014, ela estava em busca de um apartamento para comprar e começar sua vida sozinha. Porém, no dia 23 de abril de 2014, quando ela voltava da academia, decidiu passar numa farmácia para comprar desodorante e foi surpreendida por Thiago, que atirou em suas costas. A jovem morreu na hora.

Wanessa Oliveira Felipe, vendedora (Foto: Facebook)

Ronaldo Ferreira Felipe, pai de Wanessa, conta que a filha chegou a tentar levantar quando foi morta, mas não conseguiu e veio a falecer no estabelecimento. Quando os fatos aconteceram, a família não sabia o que tinha motivado o crime, uma vez que a jovem não tinha nenhum tipo de desavença com ninguém.

Ronaldo revela que foi um alívio quando Thiago Henrique foi preso. Ele conta ainda que fica imaginando como a filha, que teria 30 anos se estivesse viva, estaria.

“Eu creio que a Wanessa estaria com seu apartamento bem arrumado, um carro muito bom e talvez casada”, relata com os olhos cheios de lágrimas.

Ronaldo Ferreira Felipe, pai de Wanessa Oliveira (Foto: Artur Dias | Arte: Niame Loiola)
Ronaldo Ferreira Felipe, pai de Wanessa Oliveira (Foto: Artur Dias | Arte: Niame Loiola)

Juliana Neubia Dias tinha 22 anos, era natural de Itapaci, na região central de Goiás, e veio junto com a família para Goiânia. Seus pais, porém, voltaram para sua cidade natal; Juliana estava trabalhando e cursando contabilidade e decidiu ficar na Capital e morar junto com sua amiga, Flaviana Aparecida Pereira. Muito alegre, focada e determinada, era o orgulho da família e dos seus amigos.

Juliana Neubia Dias, auxiliar administrativa (Foto: Facebook)
Juliana Neubia Dias, auxiliar administrativa (Foto: Facebook)

Como havia feito aniversário no dia 24 de julho, Juliana foi para um bar com o namorado e uma amiga para comemorar. Thiago viu a jovem dentro do carro e atirou duas vezes contra ela. Um tiro atingiu seu tórax e outro o pescoço.

Flaviana Aparecida Pereira, uma das melhores amigas de Juliana, conta que ela era uma pessoa muito determinada e queria mudar a história da sua família através do seu trabalho.

“Ela ia ser uma mulher muito conhecida. A Juliana era muito inteligente. Ela ia dar muito orgulho para a família. Ela era a salvação para a família dela”.

Flaviana Aparecida Pereira,
Flaviana Aparecida Pereira, amiga de Juliana Neubia Dias (Foto: Artur Dias | Arte: Niame Loiola)

Mais Goiás.doc conversa com moradores do Distrito de Girassol um mês após a morte do Lázaro; assista.

Thiago Henrique: psicopatia

Wallace Alves, psicanalista especialista em psicopatologias, conta que Thiago Henrique é um psicopata e matador em série. Assim como foi divulgado pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), que aponta Thiago como psicopata. Ele também foi considerado com imputável (quando a pessoa é capaz de responder pelos seus atos).

Segundo a psicologia, a psicopatia (ou transtorno da personalidade antissocial)  é um distúrbio caracterizado pela falta de empatia em relação a outras pessoas e por não respeitar as normas e leis que regem a sociedade.

Conforme Wallace Alves, já um serial killer (ou matador em série) desenvolve padrões ao cometer seus crimes, para deixar “sua assinatura”. Além disso, este tipo de criminoso, por incrível que pareça, quer ser preso e sair na mídia para poder se sentir bem e ser conhecido.

O psicanalista ressalta também que o fato do Thiago matar apenas mulheres, ter aversão à figura feminina pode ser um trauma, mas pode ser apenas um desprezo ou uma forma de manipulação.

“É importante não pensar no trauma, seja ele qual for, como um justificador dos atos do Thiago”.

Assista ao documentário completo:

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