Imunização

A 13 dias do fim, vacinação contra sarampo e pólio atinge só 40% da meta

O objetivo da campanha é vacinar, até o dia 31 deste mês, 11 milhões de crianças de um ano a menores de cinco anos

Cerca de 4,5 milhões de crianças já foram vacinadas desde o início deste mês contra sarampo e poliomielite, aponta novo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. Apesar do avanço nos índices, o total ainda equivale a apenas 40% do público-alvo da campanha nacional de vacinação contra as duas doenças, iniciada em 6 de agosto.

O objetivo é vacinar, até o dia 31 deste mês, 11 milhões de crianças de um ano a menores de cinco anos -inclusive aquelas que estão com a carteirinha de vacinação em dia. O balanço engloba dados enviados pelos municípios até as 15h30 deste sábado (18), quando ocorreu o chamado “dia D” de mobilização contra a doença.
Mais de 36 mil postos de saúde ficaram abertos durante o dia em horário estendido, das 8h às 17h.

A avaliação entre membros do governo ouvidos pela reportagem, porém, é que a adesão à campanha ainda está abaixo do esperado. Em algumas capitais, vários postos ficaram vazios ou com poucas filas. Só para o dia D, por exemplo, a expectativa do governo era atingir ao menos 60% do público-alvo. Novo levantamento, com dados atualizados, deve ser divulgado ao longo da semana.

Em São Paulo, levantamento da secretaria estadual de saúde aponta que já foram vacinadas 1,1 milhão de crianças contra sarampo e poliomielite, ou cerca de 50% do público-alvo. Até sexta-feira, esse índice era de 40%. “A vacinação é fundamental para eliminarmos os riscos da circulação destas doenças no estado de São Paulo”, afirmou em nota a diretora de imunização da secretaria, Helena Sato.

Reforço nas doses

Neste ano, a campanha de vacinação é “indiscriminada” – ou seja, mesmo crianças que já foram vacinadas no passado devem receber novas doses. O objetivo reforçar a imunização e criar uma barreira de proteção contra o sarampo, doença que vem registrando avanço no país.

Desde fevereiro, já foram confirmados 1.237 casos. Outros 5.731 ainda estão em investigação. A maioria ocorreu em Roraima e Amazonas, estados que registram surtos da doença. Também foram registradas ao menos seis mortes.

O avanço ocorre menos de dois anos após o país receber da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) um certificado de eliminação do sarampo. A situação também trouxe alerta diante da queda crescente nas taxas de coberturas vacinais, o que eleva o risco de retorno de doenças já eliminadas. Em 2017, o Brasil teve o mais baixo índice de vacinação de crianças em mais de 16 anos, conforme antecipou a Folha de S.Paulo.

A taxa de vacinação contra a pólio, por exemplo, caiu de 98,2%, em 2015, para 77%, em 2017. Isso significa que cresce o risco de o país voltar a registrar casos de paralisia infantil caso ocorra uma reintrodução do vírus e contato com não vacinados, uma situação que não ocorre desde 1990.

Esquema de vacinação

Durante a campanha, a aplicação das doses terá esquemas diferentes dependendo da situação vacinal de cada criança. Crianças que nunca tomaram nenhuma dose de vacina contra a pólio, por exemplo, devem receber uma dose da VIP (vacina injetável).

Já aquelas que já tiverem tomado uma ou mais doses recebem a VOP (vacina oral), conhecida como gotinha. A ideia é reforçar a imunização contra a doença. Contra o sarampo, a campanha prevê que todas as crianças recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção são aquelas que já foram vacinadas nos últimos 30 dias.

Segundo as secretarias de saúde, a vacina é contraindicada apenas para crianças imunodeprimidas, como aquelas submetidas a tratamento de leucemia e pacientes de câncer. Já crianças alérgicas a proteína lactoalbumina, presente no leite de vaca, devem informar o quadro às equipes de saúde. Neste caso, elas recebem outra vacina contra sarampo, produzida pelo instituto BioManguinhos.