VIOLÊNCIA

A cada hora, uma pessoa com deficiência é vítima de violência no Brasil

O Brasil registrou ao menos 7.613 casos de violência contra pessoas com deficiência em 2019, o equivalente…

O Brasil registrou ao menos 7.613 casos de violência contra pessoas com deficiência em 2019, o equivalente a quase um por hora. O número é do Atlas da Violência, que foi lançado nesta terça (31) e analisa pela primeira vez notificações desse tipo no sistema de saúde.

O grupo que mais sofre é o que tem deficiência intelectual, com 36,2 ocorrências para cada 10 mil pessoas com essa condição. Depois vem a população com deficiência física (11,4) e, mais abaixo, auditiva (3,6) e visual (1,4), lembrando que pode haver mais de uma ocorrência por vítima.

As agressões também atingem mais fortemente as mulheres, que no geral carregam taxas mais de duas vezes superiores às dos homens, e as crianças ou adolescentes. A maior concentração de casos ocorre dos 10 aos 19 anos, caindo gradativamente com o aumento da idade.

A violência mais notificada é a física (53%), majoritária entre os adultos. Em seguida vem a agressão psicológica (32%) e então a negligência ou abandono (29%), recorrente entre crianças de até 9 anos e idosos. Já a violência sexual (21%) ocorre principalmente entre meninas, adolescentes e jovens.

“As pessoas com deficiência já enfrentam uma situação pautada por segregação social e preconceito, e a violência tende a reforçar essa vulnerabilidade. É importante haver políticas públicas de cuidado”, diz Helder Ferreira, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e um dos coordenadores do estudo.

Os microdados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e foram analisados também pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), ligado ao governo do Espírito Santo.

Os números, portanto, representam apenas uma parte das ocorrências: aquelas que são efetivamente notificadas, dependendo de a vítima procurar ou ser levada a uma unidade de saúde, e de a violência ser identificada e registrada pelos profissionais da rede. Não estão incluídas violências autoprovocadas.