Acidente aéreo em Vinhedo: veja o que já se sabe
Acidente foi o quinto mais letal em solo brasileiro; Cenipa e a Polícia Federal investigam as causas do desastre
Um avião da companhia Voepass, antiga Passaredo, com 57 passageiros e quatro tripulantes a bordo, caiu no início da tarde desta sexta-feira em uma área residencial de Vinhedo (SP), na Região Metropolitana de Campinas. Não houve sobreviventes, mas nenhum morador do bairro onde caiu o avião ficou ferido.
O acidente foi o quinto mais letal em solo brasileiro e o mais grave no Brasil desde a queda do voo do Airbus da Air France no Atlântico, em que morreram 228 pessoas que haviam saído do Rio rumo a Paris. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Polícia Federal investigam as causas do desastre. Na sequência, veja o que já sabe o que ainda falta esclarecer acerca do acidente.
O que sabe
Quantas pessoas morreram?
O avião estava com 62 pessoas a bordo: 57 passageiros e quatro tripulantes. Todos morreram. Veja a lista dos ocupantes.
Quem era as vítimas?
Os passageiros estavam indo de Cascavel para Guarulhos, em São Paulo. Entre eles, estavam um pai e uma filha de 3 anos; uma jovem que iria para os EUA comemorar o aniversário de 31 anos; e nove pessoas ligadas a uma universidade federal do Paraná, entre outros.
Quem era o piloto?
O comandante do Voo 2283 da Voepass, Danilo Santos Romano, tinha apenas 35 anos e começou a carreira como co-piloto de A320 na Avianca. Depois de três anos na função, ele foi promovido a co-piloto do A330, que faz voos internacionais. Com a quebra da Avianca, ele foi para o exterior e chegou a trabalhar em uma empresa do Cazaquistão, a Air Astana.
Ele estava na Voepass há um ano e dez meses. Entrou como co-piloto e foi promovido a comandante em julho do ano passado. Em junho, ele concluiu uma pós-graduação latu sensu em gestão de segurança de voo na faculdade Unyleya.
Qual era o modelo do avião?
A aeronave era do modelo ATR-72. Ela tem dez anos de uso e está em situação regular. Documento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostra que ela foi fabricado em 2010 pela empresa franco-italiana Avions de Transport Régional (ATR) e estava arrendado para a Voepass desde 2022. No documento, aparece como proprietária da aeronave a empresa Wilmington Company, com sede em Delaware, nos Estados Unidos.
A caixa preta já foi encontrada?
O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), brigadeiro Marcelo Moreno, disse nesta sexta-feira que foram encontrados os gravadores de voz e de dados da aeronave . Os equipamentos compõem a chamada “caixa-preta”. Os investigadores do Cenipa localizaram os dispositivos no local do acidente e devem levá-lo ao laboratório em Brasília.
O que não está claro
O que causou o acidente?
Ainda não se sabe. Apesar do tom cauteloso adotado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Aeronáutica, a formação de gelo nas asas da aeronave é uma linha forte de investigação dos militares. Isto causa distorção na aerodinâmica da asa, além de impor um excessivo aumento de peso, o que provoca a perda da sustentação e queda, disse uma fonte no órgão.
O avião possuía algum problema?
A Voepass afirma que afirmou que os sistemas da aeronave modelo ATR-72 estavam em funcionamento no momento da decolagem. A empresa vai enviar ao órgão o histórico de inspeção continuada da aeronave, o que pode ajudar na investigação.
Por que o avião caiu aparentemente sem esboçar qualquer sinal de reação?
O avião caiu cerca de quatro mil metros em apenas um minuto. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa) ainda vai analisar as informações disponíveis para avaliar o que aconteceu. Essa perícia pode levar mais de um ano para trazer respostas.
Por que o piloto não falou com a torre?
A Aeronáutica informou na tarde desta sexta-feira que o piloto não relatou emergência. “O voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20. No entanto, a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda do contato radar ocorreu às 13h22”, diz a nota da Força Aérea Brasileira (FAB). Só as investigações do Cenipa vão poder explicar o que aconteceu.
Texto: Agência O Globo