MERCADO

Ações da Petrobras caem 9,2% e Bolsa perde os 100 mil pontos

Ataques à companhia após aumento dos combustíveis pioram semana tensa no mercado

Foto: Pixabay

As ações da Petrobras caíam cerca de 9,17% por volta das 14h desta sexta (17), empurrando a Bolsa de Valores para o fundo e piorando o fechamento de uma semana já negativa para o mercado de ações diante da alta histórica dos juros nos Estados Unidos.

Críticas de políticos ao aumento nos preços dos combustíveis aplicado pela companhia pesam no desempenho dos papéis da empresa nesta sessão.

Às 13h41, o Ibovespa mergulhava 3,76%, aos 98.936 pontos. Caso encerre o dia nesse patamar, o índice de referência da Bolsa terá a pontuação mais baixa para um fechamento desde o início de novembro de 2020, última vez que o indicador terminou o dia abaixo dos 100 mil pontos.

Refletindo o movimento de aversão ao risco no mercado doméstico, o dólar comercial subia 2,06%, cotado a R$ 5,1330 na venda.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a Petrobras “pode mergulhar o Brasil num caos”. Já o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmou à Folha que “vai para o pau” para “rever tudo de preços” e que vai trabalhar para taxar o lucro da petroleira.

Projeções da Ativa Research consideram que o reajuste da gasolina reduz a defasagem do preço nas refinarias brasileiras de 41% para 34% em relação aos custos no exterior, considerando os atuais preços internacionais e a taxa de câmbio.

“O reajuste deveria, de alguma maneira, melhorar a perspectiva sobre a companhia. O fato é que, em ano eleitoral, políticos de alto escalão, do Legislativo e Executivo, já fizeram fortes afirmações, gerando receios sobre o futuro da empresa”, comentou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.

Engrenagem central do motor da inflação global, o preço de referência do petróleo bruto subiu cerca de 50% neste ano.

A alta é atribuída à Guerra da Ucrânia e suas consequências, como os embargos à matéria-prima da Rússia, e à decisão da Opep (cartel de países produtores) de aumentar lentamente a oferta mesmo diante do crescimento da demanda após diversos países reduzirem restrições contra a Covid.

Nesta sexta, porém, o preço caía 4,46%, com o barril do Brent cotado a US$ 114,47 (R$ 587,92). A queda no dia é atribuída à expectativa de resfriamento da demanda após a alta dos juros nos Estados Unidos ampliar riscos de uma recessão global.

Em Nova York, o mercado de ações ensaiava uma modesta recuperação. O índice de referência S&P 500 subia 0,05%, enquanto o Dow Jones caía 0,04%. O indicador focado no setor de tecnologia Nasdaq avançava 1,23%.

A turbulência do mercado local nesta sexta também conta com uma parcela de ajustes de investidores à forte queda das bolsas internacionais na véspera, ​quando os ativos brasileiros não tiveram negociações devido ao feriado de Corpus Christi.

Os mercados de ações globais mergulharam em pessimismo nesta quinta-feira (16), um dia após o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter confirmado um aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros. É a maior alta aplicada pela autoridade monetária dos Estados Unidos desde 1994.

O aumento aplicado nesta quinta pelo Fed elevou a taxa de referência para o empréstimo diário entre bancos (parâmetro para o setor de crédito em geral) para um intervalo entre 1,5% e 1,75% ao ano. O ciclo de aumentos, porém, está longe do fim.

Projeções divulgadas pelos jornais The Wall Street Journal e Financial Times apontam para uma taxa perto de 3,4% ao final deste ano, ou um adicional de aproximadamente 1,75 ponto percentual nas próximas quatro reuniões das autoridades que compõem o Fomc, o conselho monetário do Fed.

Após a divulgação da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse esperar que altas dessa magnitude não se tornem comuns, mas também comentou que considera provável um novo aumento entre 0,50 e 0,75 ponto na próxima reunião do órgão.

Powell reforçou que os próximos passos serão ditados pelas pressões inflacionárias, destacando em seu comentário os problemas na cadeia global de abastecimento decorrentes da Covid na China e da Guerra da Ucrânia.

Também na última quarta-feira (15), o Banco Central do Brasil elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano.