Adolescente é morto por amigos de infância após briga por celular no Rio de Janeiro
Cinco agressores confessaram participação no crime, mas vêm trocando acusações na delegacia sobre o grau de responsabilidade de cada um
Um adolescente de 17 anos foi assassinado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As investigações da 36ª DP (Santa Cruz) apontam que Cauã Neres das Chagas foi morto na madrugada do último domingo (10) por cinco amigos de infância, depois de uma discussão por conta de um celular. O corpo do jovem foi encontrado na tarde desta quarta-feira (13), no Rio Guandu, em um ponto ao lado da Rodovia Rio-Santos.
De acordo com a Polícia Civil, quatro rapazes estavam em um depósito de bebidas do bairro quando, por volta das 22h30 de sábado, Cauã chegou ao local com mais um colega. O grupo bebeu no local por cerca de três horas, até que o estabelecimento fechou e eles seguiram para outro bar, onde passaram a ouvir música no carro de um deles.
Neste momento, os amigos foram abordados por uma viatura da Polícia Militar, que solicitou que eles abaixassem o som e checou a documentação de todos. Um deles, porém, notou que seu telefone, onde estava armazenada a habilitação digital, havia sumido.
Pouco depois, o aparelho voltou a aparecer dentro do automóvel, após ser encontrado por Cauã. Os outros cinco, entretanto, acusaram o jovem de estar tentando disfarçar uma tentativa de furto do celular. Segundo os depoimentos colhidos pelos investigadores, os amigos decidiram “dar um susto” no adolescente, como uma punição pelo suposto crime.
Dentro do carro, os cinco rapazes passaram a espancar a vítima, que acabou ficando muito machucada em decorrência do ataque. Receosos de que Cauã os denunciasse, os agressores resolveram, então, que era preferível matar o amigo de infância. O adolescente foi enforcado com o casaco de um dos colegas.
Em seguida, os assassinos jogaram o corpo do jovem no Rio Guandu, sob um viaduto na Rodovia Rio-Santos. Para que ele não boiasse, foi feito um corte na barriga com uma faca, e uma pedra pesada foi inserida pelo grupo dentro da incisão. A 36ª DP pediu a prisão dos cinco envolvidos, mas a Justiça do Rio não se manifestou até o momento.
De acordo com a Polícia Civil, todos os agressores, que permanecem na delegacia, confessaram participação no crime, mas vêm trocando acusações sobre o grau de responsabilidade de cada um no espancamento, no homicídio e também na concepção do crime. Nenhum deles tinha passagens anteriores pela polícia, assim como o próprio Cauã.
De acordo com o delegado Fabio Luiz Da Silva Souza, titular da 36ª DP, a investigação prossegue para que seja possível particularizar as condutas dos envolvidos. Foi um deles que apontou às autoridades, na manhã desta quarta-feira, o ponto exato onde o corpo foi abandonado.
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h50, e mergulhadores do Quartel de Busca e Salvamento da Barra da Tijuca seguiram para o local indicado, sob o viaduto do Rio Guandu, na Rodovia Rio-Santos. O cadáver foi encontrado às 14h28, e retirado da água às 14h49. Às 15h38, o corpo de Cauã chegou ao Instituto Médico-Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Oeste, para o reconhecimento formal.
Tanto Cauã quanto os assassinos moram numa região conhecida como Beco do Camarão, em Santa Cruz. Desde que o filho não retornou para a casa, a mãe da vítima, Vanessa Neres das Chagas, procurou a polícia e iniciou uma campanha nas redes sociais, em que pedia informações sobre o paradeiro do adolescente. “Por favor, quem viu meu filho entre em contato. Saiu de casa desde ontem e não apareceu. O celular está desligado”, dizia uma das mensagens compartilhadas várias vezes pela mulher.
Nesta quarta-feira, contudo, Vanessa compartilhou uma imagem em que comunicava que o filho havia sido “localizado em óbito”. Em seguida, ela publicou uma montagem com as fotos dos assassinos: “Foram esses cinco que fizeram a crueldade com meu filho”, escreveu.
“Até pensei que ele tinha arranjado uma namorada, alguma coisa… Mas depois, uma hora da tarde, eu sabia que algo tinha de errado. Comecei a procurar saber e fui atrás dos meninos, fui atrás de dois deles. Eu conversei e não desconfiei, mas depois comecei a desconfiar”, contou Vanessa ao “RJTV”, da TV Globo.